Faz-me lembrar aquela história de alguém que dizia ao Sol que ele era todo poderoso, ao que o Sol replicava que qualquer nuvem o tapava, e a nuvem, por sua vez, dizia que o vento a desfazia, e o vento também concordava pois qualquer obstáculo o desviava, e assim por diante numa clara tentativa para dizer que ninguém é mais importante que o outro. E que o mundo, o viver, é feito das importâncias de todos e, também, das fraquezas de cada um.
Mas hoje a nuvem que faz notícia é a do vulcão da Islândia, que impede os aviões de voar, que não deixa as pessoas saírem de casa, que não deixa os carros andarem por aí. As cinzas vulcânicas entopem tudo, os motores, os filtros de ar, os narizes e os brônquios, e depois depositam-se serenamente deixando um manto pesado e cinzento como se fosse uma fotografia, em negativo, de uma paisagem de neve.
Aí está a natureza a substituir-se ao homem: como um forte agente de poluição, superior à que é produzida por quase toda a indústria a nível mundial; como um sindicato laboral que pára quase tudo - transportes, aeroportos, as mais diversas actividades - mais do que uma greve geral era capaz de o fazer; como uma epidemia capaz de complicar a saúde respiratória de muitos milhares de pessoas, principalmente os mais fragilizados...
E contra isto nada podemos fazer, não há políticas, não há dinheiros, não há poderes, nem há peneiras que tapem tão bem o sol, como esta nuvem!
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1 comentário:
Realmente a sensação de impotência perante forças naturais é gritante.Somos tão grandes e poderosos e ao mesmo tempo tão pequeninos e indefesos.
O que nos diferencia é a capacidade de nos relacionarmos com os outros e aceitarmos (para alguns) as diferenças e semelhanças.
Beatriz Morcego
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