terça-feira, 31 de maio de 2011

SIMETRIA

A noite estava escura. Era lua nova! Uma noite tranquila, sem vento, feita de silêncios, pacífica.

Deu-se conta da imobilidade do ambiente ao passar nos claustros: sem sons ou ruídos, sem um cair de folhas das árvores, com a água do tanque completamente lisa, a fazer o espelho perfeito, a criar simetrias únicas...

(Salvador da Bahia. Convento do Carmo - 2009)
Momentos de paz, de meditação, de reflexão...


segunda-feira, 30 de maio de 2011

O NASCER DO DIA

É sempre lindo o nascer do dia, principalmente quando o céu está limpo, quando a atmosfera está transparente, quando os olhares estão despertos...

(Acordar no Alentejo - Abril de 2011)
Mas hoje o céu acordou cinzento, cheio de chuva grossa, a encher as ruas de água, sem Sol que se visse.

Por isso se foi buscar este Sol, para aqui, para dar cor à monotonia parda do dia.

Que tenha sido bom...


domingo, 29 de maio de 2011

DOMINGO TRISTE

O Zi deixou de estar entre nós.

O Zi era um tipo impecável. Sempre foi. Amigo. Disponível. Prestável. Engenhoso. Bem disposto.

O Zi partiu esta manhã.

O Zi vai estar sempre presente nas boas recordações, nas saudades, na memória de todos os Amigos.

Adeus Zi!

sábado, 28 de maio de 2011

EQUILÍBRIO

Manteve-se ali, tempos infindos, na beira do muro de pedra, virada ao vento forte naquela tarde de temporal. Mesmo na beira, para que se pudesse manter equilibrada através de flexões das pernas, quase imperceptíveis, que ia fazendo constantemente.

E ali ficou, quieta, a deixar-se fotografar, para que o perfil fosse o mais adequado e a ficar bem no enquadramento.

(Junto ao mar - Maio de 2011)
Lembrou-lhe um primeiro-ministro, a equilibrar-se constantemente, a pôr-se em bicos dos pés, a criar ilusões, a imaginar poses, a tentar escolher o melhor lado, para ficar bem na fotografia.

Sabe o risco que corre ao estar à beira daquele muro alto, quase à beira dum precipício, e sabe que, à menor rajada de vento, ao menor nada, cai do poleiro, e a queda vai ser de costas e estrondosa...

Por isso se tenta manter em equilíbrios impossíveis, mas a saber que a queda é inevitável.

A gaivota, essa, sabe que se o vento aumentar, lhe basta abrir as asas e partir num voo seguro e tranquilo, a observar, do alto, os trambolhões dos homens...

sexta-feira, 27 de maio de 2011

TARDE LIVRE

Aproveitou a tarde livre e foi passear. 

Meteu-se na moto e partiu, sem destino, mas com um fito: ir para perto do mar.

Atravessou a ponte e seguiu rumo a sul à espera de encontrar um destino que lhe agradasse... Caparica, Sesimbra, Arrábida, Tróia... e COMPORTA... a surgir nos painéis indicativos de saída da auto-estrada: a uma distância curta para aquela moto, um quase puro sangue, que acabara de comprar.

Atravessou pinhais, percorreu compridas rectas, e lá chegou!

A praia, quase deserta, um areal imenso a perder-se de vista.

Um banho rápido naquele oceano másculo, de ondas grandes e fartas, o primeiro da época, um secar ao sol, que começava agora a inclinar-se olhando o horizonte, e uma bebida na esplanada do bar da praia.

(O mar - Maio de 2011)

E ali se deixou ficar, de caipirinha na mão, olhando o mar, o sol, as dunas douradas... a descansar a mente, a esquecer desagrados, a retemperar forças e carregar baterias, a pôr os sonhos em ordem... 




quinta-feira, 26 de maio de 2011

O JOGO DE BERLINDE

É um jogo tradicional que se jogava um pouco por todo o lado.
Era jogado habitualmente por rapazes e podiam participar vários jogadores devendo cada jogador possuir, no mínimo, um berlinde de vidro.
Jogava-se habitualmente num espaço plano, de terra batida, no qual se faziam três covas em linha, afastadas entre si cerca de 50 cm.
Para ver quem era o primeiro a sair, cada jogador lançava o seu berlinde para a cova mais afastada: o jogador que conseguisse fazer o seu berlinde entrar na cova, ou ficar mais perto dela, dava início ao jogo, determinando-se, assim, a ordem de saída dos jogadores.

Cada jogador tentava colocar o berlinde sucessivamente em cada uma das três covas, lançando-o com os dedos, e tendo direito a avançar um palmo para dar "impulso".
Quando o jogador conseguia fazer o seu berlinde chegar à ultima cova fazia o percurso no sentido oposto e, a seguir,voltava à cova do meio, para ganhar o direito a "matar".
Ao concluir o percurso, o jogador ganhava o direito a atingir o berlinde dos outros jogadores, para poder vencer o jogo.
[O Jogo do Berlinde - Fotos de Ferreira da Cunha (1901-1970), no Arquivo Fotográfico da C.M.L.]



Para facilitar o percurso, o jogador podia acertar nos berlindes dos adversários, ganhando com isso o direito à cova que, nessa jogada, pretendia alcançar.

Se, por acidente, o berlinde do adversário ia cair numa cova, teria de ser retirado com três lançamentos contra o mesmo. Se o lançador falhasse, perdia a vez e o berlinde do adversário ia ganhar a posição daquela cova.
E a vez passava para o jogador seguinte.

E quem é que ganhava?

Ganhava o jogador que, após completar o percurso (ganhando o direito a "matar"), acertava (“matava”) no(s) berlinde(s) dos outro(s) jogador(es).
Habitualmente os berlindes guardavam-se num saco de pano que se levava no bolso das calças.  
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quarta-feira, 25 de maio de 2011

DENTE DE LEÃO

Encontram-se por todo o lado. 

Fazem lembrar bolas de neve. São leves e frágeis.

Basta um sopro ou um vento e, as sementes, como pequenos pára-quedas, disseminam-se com facilidade, levadas pelo vento.

(Dente de leão - Minho - Maio de 2011)
As crianças costumam chamar-lhe o-teu-pai-é-careca?, como resultado de uma brincadeira que supostamente mostraria se o pai de outra criança, a quem se faz a pergunta, seria careca ou não. É que, depois de soprar as sementes, fica uma base semelhante a uma cabeça careca. O ficar mais ou menos careca depende, simplesmente, da força do sopro.
 
Tem imensas aplicações medicinais! Dá para quase tudo o que são problemas de digestão, de reumatismo e até ajuda a emagrecer. 


terça-feira, 24 de maio de 2011

A CRESCER

Estão lindos, os dióspiros (ou caqui, no Brasil)!

Ou melhor, o projecto deles!

A árvore está sã, o verde é forte, e os frutos-bebés estão a crescer com vigor!

(Diospireiro - Serra de São Mamede - Maio 2011)
É bom sentir a natureza na sua pujança da primavera!

segunda-feira, 23 de maio de 2011

A ESPANHA AQUI AO LADO

Ontem foram as eleições regionais e municipais, em Espanha, aqui ao lado.

O PS de Espanha, o do Zapatero, de quem o sócrates se diz amigo, sofreu uma pesada derrota.

Zapatero reconheceu-a: "Os espanhóis manifestaram o seu mal-estar, pelo que era esperado este castigo, esta derrocada, nas urnas".

O povo espanhol teve discernimento na altura de votar. Mostrou maturidade e inteligência.

Inteligentes foram, também, os alentejanos que não foram ao comício do ps em Évora.

Não foram atrás da cassete gasta e repetida que, todos os dias e a todas as horas, sai da boca do sócrates, não quiseram participar num comício falso, com gente estrangeira trazida de longe, em autocarros pagos pelas juntas de freguesia ps, gente que não vota porque nem portugueses são, e nem português sabem falar, a quem é oferecida uma T-shirt, um lanche e uma viagem "grátis" - diziam eles.

E o ódio nas palavras do capoulas? A espumar raiva! A mostrar desespero, a lançar culpas a terceiros, não querer reconhecer o desgoverno deste governo há seis anos no poder.   

Enganar mais quem?

Os portugueses, tal como os espanhóis, não são parvos!


domingo, 22 de maio de 2011

SESTA MATINAL

Não era totalmente negro.

Tinha um bigode branco, feito de pelos fortes, compridos, bem penteado; tinha, também, o peito todo branco, como se tivesse colocado um guardanapo impecavelmente limpo; e tinha, ainda, as mãos com umas luvas, brancas, calçadas...

A manhã tranquila, quase parada, convidava à quietude, ao repouso.

E deixou-se ficar, indiferente, imóvel à passagem!


(Caminha - 22 de Maio de 2011)

Apenas levantou a cabeça e abriu os olhos no momento do disparo da câmara.

Depois, voltou ao seu sossego, à sua paz, à sua sesta matinal.


sábado, 21 de maio de 2011

ASSUSTADO

A manhã enevoada e sem vento pedia um passeio junto à foz do rio.

A meio do percurso começou com a vaga sensação de que estava a ser seguido.

Olhou para trás e viu-o.

Ele, de imediato, voltou-lhe costas e afastou-se. 

Mais uns passos e a mesma coisa.

A cena a repetir-se de cada vez.

Era um cão magro, preto, elegante e bonito, mas de pêlo mal cuidado e de barba mal aparada. As costelas desenhavam-se bem naquele tórax emagrecido.

Devia ter tido um dono. Sentiu que era um cão que tinha sido educado, mas que deve ter sido rejeitado, ou abandonado... ou qualquer outra coisa.

Tinha um ar triste e receoso, como que assustado, e manifestava apreensão sempre que o olhava... mas o olhar era um olhar doce!

Sentou-se num banco e ele também se quedou. Ficaram ambos a olhar-se, o cão amedrontado, expectante, atento... e ele a chamá-lo, a incitá-lo a aproximar-se.

Que pena não ter nada consigo, uma bolacha, sequer... mas não tinha, ali, nada para lhe dar, a não ser o afecto que sentiu por aquele animal.

Chamou-o por várias vezes e ele a ficar-se parado a olhar, quieto, olhos ansiosos, a uma distância de segurança que nunca quis diminuir.

Tirou-lhe uma, duas, três fotografias...

(Caminha - passeio da foz - 21 de Maio de 2011)
E sem mais, virou-lhe o rabo, abanou a cauda, e partiu num elegante trote canino atrás de uma gaivota que andava, por ali, a bicar no lodo fresco que a maré vazante deixou a descoberto!

sexta-feira, 20 de maio de 2011

SAUDADES


Parecia que estava
Sentada
A olhar o mar...

Sofria,
Chorava,
Tinha saudades de amar.

(Praia de Moledo do Minho - 20 de Maio de 2011)




quinta-feira, 19 de maio de 2011

AS PAPOILAS

Os campos estão cheios delas!

São frágeis e efémeras.

Nem dão para colher e colocar numa jarra!

Também, o lugar delas é onde estão, a colorir, a pintalgar o verde dos campos, daquele vermelho tão vivo e tão exclusivo.

(Papoilas - 2009)
Acho que não é preciso dizer mais nada!




quarta-feira, 18 de maio de 2011

UTOPIA

Assisti a um Debate na televisão entre os pequenos partidos ou movimentos que não têm assento na assembleia da república. 

Debateu-se a questão da dívida, se deve ou não ser paga, a questão dos roubos dos políticos, a questão do bem-estar e da felicidade das populações, falou-se do dinheiro que entrou para acabar com a agricultura, falou-se da eliminação da frota pesqueira, falou-se da riqueza da banca, falou-se da pobreza das populações, falou-se do dia a dia dos trabalhadores, das famílias, dos idosos, de tudo o que toca às pessoas...

Cada um com as suas propostas, cada um com as suas ideias, cada um com as suas soluções...

Não mais que uma UTOPIA a querer lutar contra a REALIDADE da nossa forma de viver...

terça-feira, 17 de maio de 2011

APETECE VOLTAR?

Às vezes não apetece nada. Nada mesmo.

Ainda por cima voltar para um país de dívidas, de incertezas, de mentiras, de enganos constantes ao povo, de políticos e governantes que não merecem qualquer consideração, porque não têm consideração pelos outros, de indivíduos que, apenas, querem safar a pele deles, lixando o povo.

Apetece voltar?

Mesmo nada, mas não tem outro remédio!

segunda-feira, 16 de maio de 2011

O PENICO

Dizem que a Bélgica é o penico da Europa. Dizem isso porque aqui chove quase todos os dias.

Ontem quase não choveu, apenas umas gotas, mas hoje lá se fez juz ao nome.

Até agora a chuva não tem incomodado, também porque vou estar em reunião todo o dia. Mas será que vai estar assim o resto do tempo?

Espero que, lá mais para o fim da tarde, o céu se liberte das nuvens escuras que agora cobrem a cidade. E, se o tempo aquecer mais um bocadinho, não se perde nada.


Como se vê pela foto, houve momentos em que a chuva era forte, mas os turistas, disciplinados, lá aguentaram a carga debaixo duma passagem de obras... pareciam que estavam na fila para o eléctrico.

Mas, seja com chuva, ou sem ela de preferência, ninguém me vai impedir de voltar a calcorrear as ruas empedradas desta cidade plana, cheia de monumentos, de edifícios antigos, com imensas lojas de «bric à brac», a respirar uma Idade Média bem adaptada à modernidade dos tempos.

(Ghent - Bélgica - Maio de 2011)
 São as recordações que vêm à memória e, também, as saudades dessas recordações, assim como os momentos bons que esta cidade sempre tem o condão de despertar!

domingo, 15 de maio de 2011

OS NARIZES DE GAND

É a quarta vez que aqui venho, a Gand, Ghent ou Gent, uma cidade medieval belga, conhecida pelos tecidos.

E descobri-os por acaso, numa banca de rua, eram um amontoado de cones arroxeados de cheiro agradável.

(Ghent - Bélgica - Maio 2011)

Perguntei o que era aquilo e o vendedor, que já vou conhecendo, pois venho à sua procura sempre que visito Gand, me explicou que é um doce típico desta zona, conhecidos como Couberdons ou "narizes", ou Neusen em flamengo.

E lá me contou algumas curiosidades:

Os "Narizes" são um doce regional Flamengo, em forma de cone
, com cor rosa-avermelhado ou roxo, com um tamanho de cerca de 2,5 cm. O exterior é duro, enquanto o interior é  líquido gelatinoso de sabor muito doce, a sua origem remonta ao Séc. XIX e pensa-se que seja a cidade de Eeklo o berço do doce.
 
Começaram por ser apenas de framboesa, mas hoje há mais de 25 sabores diferentes e de cores muito variadas.


(Ghent - Bélgica - Maio de 2011)
 
Os narizes de massa tradicional, são feitos com  açúcar, aromatizados com base em framboesa e de outras  aromas de frutos vermelhos e engrossados com goma arábica.


E não há dúvida que os melhores e os mais originais são os de framboesa.

Claro que, mal cheguei a Gand, larguei a mala no Hotel, e fui logo à procura destes narizes únicos e comprei um "paquet" de 250 gramas.

 
São caros, mas sabem muito melhor do que o que custam.

sábado, 14 de maio de 2011

PARQUE NATURAL DE YOSEMITE

Quando vi
a beleza,
a grandiosidade
e a espectacularidade
daquela Natureza
senti
a mão de Deus
por ali!

(Parque Natural de Yosemite com o "El Capitan" ao fundo - Califórnia - USA)

sexta-feira, 13 de maio de 2011

CARACOL

O sol brilhou, o caracol acordou e babou-se de satisfação.


quinta-feira, 12 de maio de 2011

A AVENIDA GANHOU POESIA

Agora é bom passear na avenida nova, arranjada de fresco, com espaços para andar, para passear, para correr, com pistas para ciclistas, com mais árvores novas a despontar (Jacarandás?), com bancos para sentar, para conversar, namorar ou, simplesmente, para se estar.

(Av. Duque de Ávila - Frente ao Arco do Cego)
  
Faltam agora as pessoas e as esplanadas para encherem esta avenida de nova vida, de muita alegria e, sobretudo, de mais poesia!

quarta-feira, 11 de maio de 2011

ARCO ÍRIS

Chove a cântaros e o arco íris está todo esborratado.


terça-feira, 10 de maio de 2011

DOR DE COTOVELO

Ontem, bateu com o cotovelo na esquina de uma mesa, daquelas esquinas de bico, sem nenhuma curvatura a amaciar o embate.

Foi uma batida violenta, com o corpo em desequilíbrio, a apanhar, em cheio, o cotovelo direito.

A dor foi forte, muito intensa. Deve ter comprimido um nervo e esmagado uma veia. Teve que ir lá com a mão esquerda apoiar o cotovelo e teve, mesmo, que se sentar. É que ficara bastante abalado com a dor.

Foi sentar-se à mesa da secretária à espera que a dor atenuasse e a lamentar não ter, ali, gelo para colocar no cotovelo, ou uma pomada analgésica e anti-inflamatória que pudesse aplicar.

Assim que chegou a casa foi logo colocar gelo e, depois, esfregou um gel, daqueles que fazem um frio danado no sítio onde é aplicado. Não há dúvida que o frio foi eficaz. Melhorou rápido, a dor atenuou bastante e não deixou qualquer limitação nos movimentos. Ficou, apenas, uma marca pequena, de sangue pisado.

Enquanto esteve ali, sentado, à espera das melhoras, pensou nas outras dores de cotovelo, nas dos invejosos ou dos amantes frustrados. É que, se fossem dores que resolvessem com gelo, com o gel frio, ou com andar com o braço apoiado, o remédio era simples...

Mas, se resolvesse, havia o problema de saber se existiria gelo ou gel que chegasse para todos esses cotovelos doridos!

segunda-feira, 9 de maio de 2011

CAIXA DE MÚSICA

Vinha dentro do que parecia ser uma caixa de fósforos, daquelas pequenas, com a diferença que, numa das extremidades saía uma manivela que, ao girar-se, produzia uma música.

Quando se abria a caixa, via-se o mecanismo: a tal manivela que vai accionar, através de um sem fim, um cilindro com pinos que, ao rodar, faz com que os pinos vão tocando num pente metálico com os dentes em escala, de tamanho diferente, produzindo, cada dente, o som de uma nota de música. E assim, ao girar a manivela a caixa liberta uma melodia.


Esta caixa de música reproduz a conhecida canção de Edith Piaf, "La vie en rose" 

Foi criada em 1946 e continua a ser uma das canções mais bonitas e mais universais de sempre.

Deixo a letra que foi escrita pela própria Edith Piaf:

Des yeux qui font baisser les miens,
Un rire qui se perd sur sa bouche.
Voila le portrait sans retouche,
De l'homme auquel, j'appartiens,

Quand il me prend dans ses bras
Il me parle tout bas,
Je vois la vie en rose.

Il me dit des mots d'amour,
Des mots de tous les jours,
Et ça me fait quelque chose.

Il est entré dans mon coeur
Une part de bonheur
Dont je connais la cause.

C'est lui pour moi,
Moi pour lui dans la vie,
Il me l'a dit, m'a juré pour la vie.

Et, dès que je l'apercevois
Alors je sens dans moi
Mon coeur qui bat,

Des nuits d'amour à ne plus en finir
Un grand bonheur qui prend sa place
Des enuis des chagrins s'effacent
Heureux, heureux en mourir.

Quand il me prend dans ses bras,
Il me parle tout bas,
Je vois la vie en rose.

Il me dit des mots d'amour,
Des mots de tous les jours,
Et ça me fait quelque chose.

Il est entré dans mon Coeur,
Une part de bonheur,
Dont je connais la cause.

C'est toi pour moi,
Moi pour toi dans la vie,
Il me l'a dit, m'a juré pour la vie.

Et, dès que je l'apercevois
Alors je sens dans moi
Mon coeur qui bat.

Lalalala Lalalala
La La La


http://www.vagalume.com.br/edith-piaf/la-vie-en-rose-traducao.html#ixzz1LssSlqiv

domingo, 8 de maio de 2011

FIM DE SEMANA

Aproveitou o fim de semana para descansar. Não fazer nada. Saiu para comprar os jornais, as revistas, as compras de supermercado que lhe dessem para os dois dias e fechou-se em casa.

Nem ligou o computador, não quis saber dos mails, das mensagens do facebook e do twitter e, muito menos, do blog.

Vestiu uma roupa confortável, deixou que, desta vez, Chopin tomasse conta da música ambiente, pegou na resma de jornais e revistas que tinha comprado e sentou-se, tranquilo, disposto a uma leitura atenta sobre a situação política, o deficit, a troyka, os programas eleitorais...

Primeiro foi um telefonema a convidá-lo para um almoço, de favas, as primeiras... - ele, que adorava favas! - que sim, que ia, era só tempo de se arranjar.

Depois, um lembrete no telemóvel a avisá-lo do jantar em casa do afilhado, fazia anos nesse dia, e ele tinha-se esquecido. Ainda tinha que ir comprar uma prenda. Talvez passasse pela Feira do Livro!

Deixou tudo como estava, arranjou-se e saiu de casa.

Os jornais e as revistas lá ficaram, numa pilha, ao lado do sofá, à espera de serem lidos, e Chopin, esse, continuou a encher a casa com a melodia dos seus concertos para piano...



sábado, 7 de maio de 2011

O BRINDE

Fora ao supermercado para comprar os cereais do pequeno almoço. Queria daqueles com muita fibra e poucas calorias. 

Foi vendo caixa a caixa, contava as calorias por 100 gramas ou por dose, o teor de hidratos de carbono e de açúcar, os lípidos saturados e insaturados, as fibras solúveis e insolúveis e, finalmente, o teor em sódio.

Fez uma pré-selecção de uma meia dúzia de caixas, viu dos sabores e da apresentação, com raspas de chocolate, com pedaços de frutos secos, ou frutos desidratados, com ou sem sementes, em flocos ou em tiras...

Não prestou muita atenção ao que estava escrito no resto das caixas, cheias de muitas figuras coloridas, de desenhos animados que passam nos canais infantis da televisão. Nem reparou nos brindes que anunciavam. Apenas lhe interessou o que estava escrito na face lateral da caixa, nas letras pequenas, com a composição e as percentagens dos diferentes componentes.

Escolheu a caixa de 750 gramas, pois era a que ficava mais em conta.

Quando chegou a casa abriu a embalagem para colocar o saco dos cereais dentro da lata de folha de flandres, para que se conservassem mais tempo e, surpresa!, deu conta que tinha um brinde: um iô-iô. Não daqueles simples de dois discos de plástico com o cordel no meio, mas este era sofisticado, mais bojudo, transparente e a deixar um interior cheio de luzes e fios eléctricos, como se o estivesse a ver ao raio X. 



Não resistiu e lá o lançou e, assim que ganhou velocidade de rotação, assim que o vai e vem se ia acelerando, ia escutando um zumbido musical, o corpo circular, transparente, começou a iluminar-se de vermelho, a apagar e a acender como anúncio de néon e, quanto mais acelerava o movimento mais luzes apareciam, a piscar, em várias cores, psicadélicas até que, ao parar o movimento tudo voltava ao início: um iô-iô bojudo, transparente, a deixar adivinhar um interior cheio de luzes e fios eléctricos.

De repente, veio-lhe a lembrança do tempo da Farinha Amparo, uma espécie de farinha fortificante, que era preparada com leite quente, com um sabor de chocolate falso, provavelmente da alfarroba que tinha na composição.

Mas, sobretudo, era muito apreciada porque dava brindes e todos ansiavam pela abertura da caixa para ver o brinde: desde soldadinhos que marchavam, bonecos dos jogadores de futebol, a galinhas que punham ovos de plástico e, até, esquemas para rendas e bordados, no pressuposto que as meninas adolescentes também a comiam e podiam aproveitar os tempos de ócio para prepararem o seu próprio enxoval!

A Farinha Amparo era quase uma instituição nacional!

Os anúncios na rádio lembravam constantemente: "Coma Farinha Amparo, a farinha que tem sido o amparo de muitos portugueses"!
 
Ou a frase batida do "Trigo limpo, Farinha Amparo" a significar "trabalho fácil", "resultado garantido", "certo e sabido".

E havia, ainda, a associação negativa em relação aos brindes - é que não há bela sem senão! Quando um condutor de automóvel fazia uma manobra mais atrapalhada era certo e sabido que ouvia logo o: "Saiu-te a carta na Farinha Amparo?!"; ou se um tipo era pouco aplicado nos estudos, se tinha feito um curso sem se esforçar muito, era certo que ouvia a boca: "Saiu-te o curso na Farinha Amparo!!"

Mas não existia só a Farinha Amparo, havia também a Farinha 33 (Tomando Farinha 33 valerás por três) e a Farinha Predilecta (Para a avó, para a neta e também pró atleta).

Só que estas, que lembre, não davam brindes!



sexta-feira, 6 de maio de 2011

O PASSEIO

Há muito tempo que não saíam com ele.

Sempre tiveram uma paixão pelo carro: a cor dourada, a pose, o tamanho, a originalidade, a tecnologia...

(Citroën DS20 - 1972)


E foi hoje o dia.

Foram à garagem, ele ligou os cabos da bateria e ela passou a flanela nos vidros e na carroçaria para tirar o pouco pó que tinha. Ele abriu-lhe a porta para que ela pudesse entrar. Ele entrou pela outra porta, sentou-se e deu meia volta à chave de ignição; após algumas hesitações, o motor lá pegou. 

Ainda frio o motor soluçou duas ou três vezes, ele acelerou, deixou que a suspensão subisse o carro para a posição certa; sim porque a suspensão subia e descia, de acordo com a posição de uma alavanca, e partiram.

Sem um rumo certo!

Ao Castelo? Disseram os dois ao mesmo tempo!

Era para onde ela ia sempre que ficava sozinha, quando ele tinha de ir para fora por motivos profissionais. Ia lá tomar a bica, comer uma trouxa de ovos e ali ficava, uma hora? duas? a olhar o fim do horizonte, a ver o castelo ali à sua frente,  a sentir-se princesa prisioneira de uma vida que não queria, à espera do seu cavaleiro romântico, do seu amado, do seu amor...

Depois, voltava para a casa, para a realidade do dia a dia...

Mas hoje não, foi diferente, tomaram o café juntos, partilharam a trouxa de ovos e foram a pé até ao Castelo. E ele não teve mais que sair para fora sem ela, ela não teve mais que se imaginar princesa prisioneira...

E passaram o dia, o fim de semana, a semana, sempre, juntos, a prometerem passeios, a prometerem, finalmente, a vida um ao outro...