terça-feira, 31 de janeiro de 2012

DISTRAÍDO

Sempre fora assim, um distraído!

As coisas aconteciam e ele não dava por elas: comprava os jornais mas não prestava atenção aos títulos, apenas folheava as primeiras páginas e ia directo para a secção cultural, ia ver das inaugurações, das exposições, dos concertos, das críticas cinematográficas e acabava, sempre, nas palavras cruzadas; deixava passar as horas dos noticiários na televisão porque se deliciava com aqueles programas sobre a Natureza, desde as migrações dos gnus, ao viver dos ursos polares ou dos pinguins, ou sobre os modos de vida e organização das formigas e das abelhas, ou, então, ligava para o canal Mezzo, por causa das óperas que adorava ver e escutar; a rádio, só a tinha sintonizada nos programas de música clássica.


Como se a vida, e os acontecimentos desta, lhe fosse passando ao lado, sem se aperceber das mudanças. 

Ia sabendo das coisas quando almoçava ou jantava com os amigos. Aí, ficava atento às conversas, ia perguntando pelo que se passava, ia-se inteirando dos factos mas, assim que algum dos amigos começava a falar dum filme que tinha visto, ou do concerto da semana anterior na Gulbenkian, fazia curto-circuito nas conversas e desligava-se da conversa da política, da crise, da troyka, dos escândalos políticos e financeiros, da prisão do Lima, do julgamento do Vara ou das atrocidades do Ghoby.


Os amigos até lhe chamavam o ET. Parecia que vivia num outro mundo.

Mas, no fundo ele estava atento, atento a tudo, atento ao mundo, atento à vida, atento ao que o rodeava... Só não queria dar parte fraca, só não queria dizer aos outros, o que o atormentava.

 


segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

O CAPITONÉ

A sala, com aquela janela enorme rasgada na parede de cor ocre, aberta sobre o lago dos peixes vermelhos e dos nenúfares de flores brancas, vermelhas e amarelas, pedia um sofá grande, confortável e adequado ao ambiente de intimidade que ambos cultivavam.


Tudo parecia perfeito naquela sala... Os móveis de estilo inglês, de um rei qualquer já esquecido, a salamandra velha, de ferro fundido e desenhos harmoniosos, os livros arrumados junto à parede, de uma forma aparentemente caótica, a aparelhagem sonora de válvulas e o gira-discos, o candeeiro de pé, com focos orientáveis para facilitar a leitura...

Só faltava o sofá! Um sofá onde a ternura, a cumplicidade, os abraços apertados, a leitura, a música, os olhares, os sonhos, o entendimento, os afectos, o presente e o futuro fossem vividos na harmonia que sempre souberam idealizar e construir.

E foi naquele fim de tarde luminoso, depois de um dia de trabalho cansativo, com ela a precisar de um encosto para descansar o corpo e acarinhar os sentires, um fim de tarde que convidava a um olhar sobre o lago, acompanhado por uma música suave, que ela se surpreendeu com a sua presença.

Ele, que nesse dia tinha chegado mais cedo a casa, estava ali, à sua espera, sentado no sofá capitoné, de pele castanha envelhecida, a olhar através da janela enorme, com uma manta de desenho inglês a seus pés, e a escutar Jonh Lennon com o "imagine all the people living life in peace..." que, naquele momento, saía do LP antigo que ele tinha posto a tocar!





domingo, 29 de janeiro de 2012

DESABAMENTO

Às vezes, tem dias em  que o mundo parece querer desabar em cima de nós.

E não precisa acontecer um naufrágio como o do Costa Concórdia, ou um desmoronar como o daqueles prédios no Rio de Janeiro. A semelhança apenas se resume ao inesperado, ao tudo parece bem que, de um instante para o outro, tudo se transforma: um jantar que acaba num barco salva-vidas, um sono que morre debaixo de uns escombros, ou um sonho cheio de cor que se transforma num negro pesadelo, ou um bem-estar aparente que se converte em indisposição e em dor.

Pois é, tem dias assim!

 




sábado, 28 de janeiro de 2012

O SER SOCIAL

O mundo das relações é complicado. Principalmente quando os afectos se misturam com o relacionamento em sociedade, em família, ou com aqueles que nos são especialmente queridos.

São mundos muito parecidos, muito frequentemente na mesma esfera de vida social, misturados e, de tal forma embrenhados, que dificilmente se encontram linhas de clivagem que facilitem cortes ou separações.

E, quando essa teia de afectos envolve interesses que colidem, que se degladiam, ou geram conflitos, então tudo se torna mais complicado e difícil de equilibrar.

Como harmonizar mundos parecidos mas diferentes? Como viver ou conviver em sociedade, em família ou para nós? Como relacionar  os mundos que nos rodeiam, as vivências onde tentamos sobreviver, com o nosso bem estar, a nossa felicidade, o nosso sonho?

O homem é um ser social e, isso, muitas vezes, complica!


sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

O VENTO

"... De onde vem ele - o vento - que ao sabor
da inspiração nos leva como se
fôssemos folha de árvore pelo ar
ou se dentro de nós ele soprasse?..."

Armando Pinheiro - O desenho, in Sílabas Comuns, 2003.

E, desta vez, o vento apareceu de repente!

Veio do Norte, sem avisos, inesperado, a levantar folhas do chão, poeira dos campos secos, a sacudir árvores com violência, a assobiar nas frinchas das janelas e das portas. Um vento forte, constante, com momentos de rugires e uivares inquietantes. Mas não veio só, este vento de Janeiro!

Trouxe com ele uma legião de nuvens negras, amontoadas, enroladas, prenunciadoras de chuva, de temporal, de trovoada ou de granizo. E trouxe, também, um frio gélido, cortante e penetrante. Um frio incómodo e irritante.

As nuvens, enquanto por aqui estiveram, andaram a rodear a serra em tom de ameaça, largaram duas ou três gotas tímidas e geladas e, depois, rumaram para sul, apressadas, sacudidas pelo vento que não quis partir com elas.

E ficou o vento, ficou o frio e um céu límpido, de sol brilhante mas sem calor, a deixar que o fim de tarde luminoso perdesse a cor do rosa do poente, e uma noite que, agora, mostra um luar tímido, num céu estreladamente cintilante... uma noite gélida de Janeiro!


quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

APLICAÇÕES

A nova tecnologia dos IPODS, IPHONES, IPADS,  HTCS, BLACKBERRIES, SAMSUNGS, LGS e etc, permite baixar uma série imensa de aplicações, umas gratuitas, outras a pagar, algumas extraordinariamente úteis, como aquela de saber os preço dos combustíveis perto do sítio onde estivermos, com mapa do local, e outras que não servem, absolutamente, para nada.



Quando temos tempo e temos disposição até é divertido baixar algumas aplicações e, se não gostarmos, ou delas estivermos fartos, com um click se apagam.

Hoje baixei uma com um título um pouco tétrico "SO Death". Depois de descarregar e introduzir uma série de dados pedidos sobre a minha idade, país onde habito, o peso e a altura, se fumo ou não, se sou stressado, se conduzo e mais uma série delas no género, é que me apercebi que aquilo servia para me avisar da data da minha morte (bolas!). Fiquei a saber que vou morrer a 25 de Julho de 2031 isto, claro, se não morrer antes, ou não vier a falecer depois.

De qualquer modo fica aqui o pré-anúncio! Assim, os meus descendentes já vão poupar uma data de dinheiro nos anúncios nos jornais a comunicar o passamento. E se, entretanto, alguém se tiver esquecido da data, ou não tiver anotado na agenda electrónica, porque as de papel ainda não estão à venda para esse ano longínquo, basta vir aqui ao Blog, procurar nas APLICAÇÕES, e fica a saber saber o dia certo.

Só não diz a hora, nem como vou morrer, por isso também o não posso informar!

Claro que já retirei a aplicação! De mórbido, chegam os jornais, as rádios e as televisões com as notícias tristes e arrepiantes que nos trazem a cada hora!

De qualquer maneira, morrendo, ou não, no tal dia 25 de Julho de 2031 peço uma coisa: como nisto de funerais eu sou muito formal, agradeço que os meus amigos levem uma gravata preta! 


quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

PASSAR AO LADO...

Achou curiosa, a expressão: Passar ao lado!

E pensou que, de facto, se passa ao lado de muita coisa, seja por desconhecimento, por indiferença, por desprezo, por ignorância, por sorte, por esperteza, por falhanço...

É só abrir os jornais e escutar os noticiários que, esses, estão cheios de "passares ao lado": 

Como a notícia de que o Banco de Portugal vai passar ao lado do corte do 13º e 14º mês...,
ou a do Cavaco Silva que afirmou que não quis passar ao lado dos sacrifícios dos portugueses, quando disse que as suas reformas não davam para pagar as suas despesas...,
ou a do Asteróide de grandes dimensões que vai passar ao lado da Terra (e, de facto, lá passou ao lado)...,
ou aos vinte conselhos para passar ao lado da crise...,
ou a afirmação do presidente do Benfica, dirigindo-se aos adeptos: "Vamos ignorar e passar ao lado...",
até ao Sporting que também anda a passar ao lado, mas dos golos...,
ou, ainda, a CGTP que considera que a concertação social está a passar ao lado dos verdadeiros problemas...
 
E ela que, tão prosaicamente, apenas queria passar ao lado dele o resto da sua vida! 




terça-feira, 24 de janeiro de 2012

CALOR DE INVERNO

Acabou a manhã mais cedo do que esperava e aproveitou aquela hora que lhe sobrava para não fazer nada! Tinha sido uma manhã de reuniões, de apresentação de projectos, de troca de ideias e aquela hora extra, caída do céu, ia-lhe saber que nem ginjas!

O dia soalheiro convidava a aproveitar o calor dum inverno de sol sem nuvens, dum inverno seco, e quase trágico para a agricultura, dum Janeiro serenamente agradável para quem vive na cidade! Levou o jornal que não tinha tido tempo de ler, escolheu um dos bancos vazios e virados para o sol, que pareciam estar à sua espera, e sentou-se.


E ali ficou, a sentir o calor de inverno a aquecer-lhe o corpo, a olhar passantes apressados, a pensar a vida, a sonhar o amanhã... Quando acordou do sonho, quando olhou o relógio, a hora já tinha passado há muito e não teve outro remédio senão regressar à vida!

O jornal, cheio de notícias não lidas, ficou dobrado e esquecido no banco que o acolhera e aquecera naquela manhã de inverno soalheiro.

. 

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

DESAPARECIDAS

Segundo notícia de Jornais, Rádio e Televisão desapareceram 111.000 mil crianças em Portugal (cento e onze mil crianças, sublinho), entre 2010 e 2011, dos registos do Fisco, pretensamente de filhos a cargo para desconto do IRS.


(do Google)

De certeza que não foi por terem nascido menos crianças, nem porque morreram, nem ainda porque foram raptadas. Pura e simplesmente porque eram crianças fictícias ou duplicadas. Tão simples!

Os pais ou familiares punham na declaração do IRS filhos que não existiam, ou duplicavam a ou as mesmas crianças na declaração do IRS, quando se tratava de casais separados ou divorciados. Uma desbunda com o fito de pagar menos impostos, usando o subterfúgio dos filhos a cargo.

Desde que as Finanças começaram a exigir que todos os menores tivessem número de contribuinte para que os pais pudessem declará-los no IRS, esse número caiu abruptamente! E essa exigência surgiu porque, precisamente, existiam suspeitas de que havia famílias a declarar filhos inexistentes.

É que cada filho vale, pelo menos, 190 euros em IRS!

Espantosa a imaginação das pessoas para fugir às suas obrigações de cidadãos, ainda por cima servindo-se dos filhos.

  

domingo, 22 de janeiro de 2012

GUIMARÃES

É a Capital Europeia da Cultura em 2012!


O espectáculo do Largo do Toural foi magnífico.


Ficam algumas imagens "roubadas" à RTP Informação:

















O desejo e a vontade a darem as mãos e a transformarem-se num espectáculo invulgar e que nos encheu de orgulho!

sábado, 21 de janeiro de 2012

PEDITÓRIO

Fiquei constrangido com as dificuldades do nosso Presidente da República em conseguir sobreviver com as reformas de miséria que lhe são pagas actualmente.

Pelo menos são três: uma de Professor Universitário, outra de antigo colaborador da Fundação Calouste Gulbenkian e, outra ainda, de antigo "trabalhador" do Banco de Portugal. Claro que a Maria também deve ter reformas mas, mesmo assim, a soma disto tudo não chega para lhe pagar as despesas do dia a dia. 

Devem ser imensas as dificuldades: o arrendamento mensal do Palácio da Presidência, onde agora vive, a criadagem toda, os seguranças, os fatos, as gravatas, os carros de luxo e a gasolina para os mover, as despesas de representação... De facto, não sei quanto é que tudo isto soma ao fim do mês, mas a verdade é que não é com uma declaração de rendimentos de cento e quarenta e tal mil euros por ano que ele consegue sobreviver.

(do Blog "A Devida Comédia" com a divina vénia)

Acho que devíamos fazer um peditório mensal, para ajudar o nosso Presidente. Afinal ninguém quer que o nosso Cavaco vista um fato coçado, se desloque em transportes públicos, ande com as solas dos sapatos meio esburacadas, ou lhe vão levar ao Palácio a sopa dos pobres.

Estamos pobres mas somos dignos e, porque estamos orgulhosos dos nossos representantes, não queremos vê-los a passar dificuldades. Não podemos tolerar tal miseribilismo, nem tal constrangimento!

Vamos começar a juntar os tostões (desculpem, os cêntimos) e vamos enviá-los ao Cavaco.

Só fico à espera que ele me envie o NIB da conta bancária para poder depositar, mensalmente, o meu óbulo.

Tecnologia "oblige"!

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

DECIDIDAMENTE... ADIADA

Saiu decidida!

Não queria mais aquela vida, os atropelos, os esquecimentos, a falta de cumprimento das obrigações, o desinteresse, a mesquinhez, as ofensas, os valores que se foram perdendo, a arrogância, o cinismo, as confusões, a intolerância, os abusos, a falta de carácter, o dar a volta, o marialvismo, a violência, tudo junto num pouco espaço de vida...

Não podia suportar mais e resolveu resolver a vida.

Decidida a sorrir à vida, a sentir-se livre, a sentir-se pessoa, gente, sem vigilâncias, sem controles, sem violências...

Entrou hesitante, amargurada...  e saiu.

Desiludida! Adiada!

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

MONSIEUR POIROT

Delicio-me a ver a série!

Há já bastantes anos que li a colecção toda dos livros de Agatha Christie. Dos que mais gostei foram os da saga do Hércule Poirot. Aquela meticulosidade, aquela metodologia de pensamento, aquela maneira como punha em acção e estimulava as células cinzentas, a discrição dos gestos, o pentear do bigode, as luvas e o chapéu, o lenço imaculadamente branco, as mortes sucessivas, a dedução para chegar ao criminoso, a forma inesperada como tudo acabava...

(Murder on Orient Express)
Deram várias séries na televisão, mas a que mais me marcou e a que mais gosto é a que vai passando às quintas-feiras na RTP Memória. Uma série, diria, de luxo, com excelentes actores, os melhores cenários e adereços, os carros da época, os comboios a vapor, e o actor principal (David Suchet) a corresponder, na perfeição, à descrição da autora: o bigode fino e pontudo, a careca e o cabelo com brilhantina, os gestos, a expressão das palavras, os francesismos com "accent" belga, a música...

Deixo-me ficar pregado diante do écran, a recordar o livro e a deliciar-me com a interpretação e a envolvência... e a lembrar-me do meu Professor de Química Fisiológica - o Professor Gomes da Costa -  que, quando citava alguém ou alguma coisa de quem ou que não gostava, se limitava a dizer: "Já estou como os franceses quando falam belga: CHOSES!"

 

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

OUTRA BRISA

"És a brisa
Que num gesto de adeus passa nas folhas,
És a brisa que leva os perfumes e os entorna,
És os passos leves da brisa
Quando nas ruas não passa mais ninguém!"

Sophia de Mello Breyner Andresen - Morta - in Obra Poética

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

BRISA

"Que branca mão na brisa se despede?
 Que palavra de amor
 A noite de Maio em si recebe e se perde?


 Desenha-te o luar como uma estátua
 Que no tempo não fica


 Quem poderá deter
 O instante que não pára de morrer?"


Sophia de Mello Breyner Andresen - in Obra Poética - Mar Novo.

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

DENTISTAS DO BEM

Vieram do Brasil e são, ao todo, 280 médicos dentistas que, sem cobrar nada em troca, têm transformado a boca de muitas crianças e jovens portugueses. A sua missão é cuidar da saúde oral das crianças que mais precisam. E tudo com base no trabalho voluntário. O mentor desta ideia é o dentista brasileiro Fábio Bibancos.

Nasceram há oito anos, no Brasil, e são já 11 mil voluntários espalhados pelo Brasil e outros dez países da América Latina e Portugal.

Já estão em Portugal há ano e meio. Chegaram com os seus conhecimentos na bagagem e a vontade de transformar o sorriso de muitas crianças portuguesas. Já trataram 500!

Dirigem-se às escolas públicas, onde fazem uma avaliação do que se passa na boca dos mais jovens. Depois, a escolha recai sobre os que mais precisam, mas também os que estão mais próximos do primeiro emprego, ou seja, os mais velhos. 



"Muitas destas crianças nunca receberam uma correcta orientação de como devem escovar e cuidar dos dentes".

"As doenças orais – como a cárie, a gengivite e os problemas ortodônticos – são um grande problema de saúde pública em Portugal. Dados estatísticos do sector apontam que 90% da população do país apresenta cárie e outras patologias bucais.  Cerca de 80% não tem acesso ao tratamento dentário. Aproximadamente 60% dos jovens até aos 14 anos de idade nunca foram ao dentista e, com apenas 12 anos de idade, um jovem português tem 50% dos dentes comprometidos."

De acordo com estudos, embora 99% das crianças entre oito e 16 anos apresentem problemas dentários graves como sintomas de infecção, dor ou sensibilidade, somente 50% desse número passa por consulta e tratamento dentário.
Para tentar colmatar esta lacuna seguem as crianças e adolescentes até aos 18 anos. Trabalho que nem sempre é fácil e que é feito, apenas, a troco da satisfação pessoal.

Para que o projecto atinja os seus objectivos são precisos mais médicos para conseguir aumentar a rede de voluntários e, assim, atender mais crianças.

Muitos médicos dentistas portugueses já aderiram a este projecto de bem que conta com o apoio da Fundação EDP e é o maior projecto de voluntariado do mundo que transforma energia em milhares de sorrisos.

Porque nem tudo é mau!


domingo, 15 de janeiro de 2012

A VELHA ANGÚSTIA

"Esta velha angústia,
Esta angústia que trago há séculos em mim,
Transbordou da vasilha,
Em lágrimas, em grandes imaginações,
Em sonhos em estilo de pesadelo sem terror,
Em grandes emoções súbitas sem sentido nenhum.


Transbordou.
Mal sei como conduzir-me na vida
Com este mal-estar a fazer-me pregas na alma!
Se ao menos endoidecesse deveras!
Mas não: é este estar-entre,
Este quase,
Este pode ser que...,
Isto.
..."
in Álvaro de Campos. Poesia.


É este viver que não é vida de viver,
É este andar sem saber por onde ir,
É este sonhar sem poder imaginar,
É este chorar de lágrimas de razão,
É esta angústia que escorre e aniquila,
É este hoje sem saber de o amanhã...



sábado, 14 de janeiro de 2012

CHUVA

Parece que veio só de visita, que se vai embora daqui a pouco tempo, mas chegou generosa, farta e bem molhada.

Lavou o ar, limpou as ruas, e deixou a cidade a brilhar na noite, como se alguém tivesse passado uma camada de verniz brilhante, com um pincel enorme, pelas ruas, pelos carros, pelos jardins, por tudo o que, até há pouco, estava seco, baço e desengraçado.

E quando fez as primeiras tréguas, depois de ter molhado bem, tudo o que era para molhar, deixou-se ficar nos buracos e nas depressões das ruas e passeios, deixando poças e lagos por todo o sítio, a mostrar como esta cidade está maltratada: é o lixo que entope as sarjetas e não deixa escoar a água, são os buracos no alcatrão, que não são reparados, são as depressões nas pedras dos passeios feitas pelos rodados dos carros e camiões que estacionam em qualquer lugar, é a sujeira que se espalha por todo o lado...

Faz pena ver como esta Câmara se descuida tanto com a limpeza da cidade. Que importa ter jardins arranjados e modernizados, se estão cheios de papéis e garrafas de plástico?, as avenidas bonitas, com grandes espaços para os peões, com esplanadas, se o chão está atapetado de jornais, os caixotes do lixo derrubados, as papeleiras dos candeeiros a abarrotar e os excrementos de cão a obrigarem-nos a gincanas permanentes?

Quando tudo está sujo e desleixado, nada motiva as pessoas no seu civismo, mas se tudo está limpo e organizado, a colaboração na manutenção da limpeza é muito maior... uma coisa puxa a outra, uma coisa leva à outra!



sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

O FOLE

Desta vez estava mesmo frio! Um frio que se entranhava pela carne e se depositava nos ossos, sentindo-os como se fossem paus de gelo. E não havia camisas de flanela, camisolas grossas e casacos forrados que a aquecessem daquele frio intenso.

Quando se chegou à janela da sala deu conta que o terreno, que sempre o vira verde e cheio de flores, se transformara num campo de gelo branco rabiscado, aqui e ali, por manchas de verde e um ou outro amarelo ou vermelho das poucas flores que souberam resistir ao frio do inverno soalheiro.

Também reparou que o tanque dos peixes, que ficava mesmo por baixo da janela, estava coberto por uma capa de gelo que os isolava do exterior, como se tivesse transformado num aquário com paredes de pedra e tampo de vidro. E os movimentos lentos e restritos daqueles peixinhos vermelhos davam bem ideia do frio que estava, também, naquela água parada.

A casa era imensa e estava desabitada há bastante tempo, uma casa de grandes divisões, de janelas enormes e tectos altos, e que nunca iria aquecer o suficiente durante o curto tempo que ali estivesse. Mas tinha que fazer o inventário dos bens de família antes que se iniciassem as partilhas. Coubera-lhe essa tarefa! O único aquecimento que encontrou guardou-o para o quarto onde iria dormir naquela noite. A lareira, naquele recanto do salão de aspecto acolhedor, estava vazia de lenha a contrastar com as paredes forradas de prateleiras, ainda cheias de livros, sem espaço para caber mais um.

Decidiu que iria ficar a trabalhar ali, no recanto, onde a mesa quadrada de tampo verde, que serviu de mesa de jogos de carta antigamente, lhe ia servir de base de apoio para a sua tarefa. Mas tinha que encontrar uma mão cheia de lenha para fazer um lume que lhe desse algum calor, enquanto ali estivesse, sentada, no seu trabalho de inventariação.

Foi na casa das arrumações do material do jardim que encontrou um cesto com paus de lenha velha, coberta de musgo e humidade. Dispôs os paus, da melhor maneira que sabia, no meio do chão de tijolo refractário da lareira, juntou uns jornais velhos, que tinham ficado esquecidos em cima da mesa, esperando, agora, que os fósforos, que descobrira na cozinha, ainda estivessem capazes de acender. Após duas tentativas, lá incendiou os jornais que proporcionaram uma chama forte mas incapaz de pegar fogo àquela madeira cheia de humidade.


Ainda bem que ainda ali estava o velho fole, pendurado no prego ao lado da lareira, que fez soprar, com força e determinação, o ar capaz de iniciar, com muito fumo à mistura, o processo de combustão daquela madeira recalcitrante.




E, a pouco e pouco, a chama foi ganhando forma e volume, enchendo aquele canto de calor e de conforto, devolvendo um pouco de cor e ânimo àquela casa, onde a vida parecia já ter terminado há muito.


quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

O DESFIAR

... E, ali, sentada do outro lado da secretária, foi desenrolando o fio da sua vida.

Foi puxando o fio das agressões, o fio dos insultos, o fio da desconfiança, o fio da indiferença, o fio da incompreensão, o fio dos desgostos, o fio da solidão, o fio das ausências, o fio das traições, o fio das exigências, o fio do cerco à liberdade, à criatividade, à imaginação, quase aos sonhos...

Neste fio intenso da sua vida não foi capaz de encontrar um fio de amor, um fio de afectos, um fio de ternuras, um fio de cumplicidades, um fio de companheirismo, um fio de ajudas, um fio de entendimento...

E, à medida que ia desenrolando a vida, à medida que ia compartilhando os desgostos, à medida que se sabia escutada, à medida que, naquele momento, se sentia entendida e compreendida, à medida que ia ouvindo não ser a pessoa horrível que lhe diziam ser, à medida que se ia libertando da angústia e do quase silêncio a que era obrigada, ia-se sentindo mais tranquila e mais segura no rumo que já tinha determinado.

Altura de começar a voltar aos sonhos, ao calor e à vida às cores.

Foi por isso que, desta vez, não precisou de levar daquelas receitas electrónicas, frias e a preto e branco.




quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

DÓI

Dói ver como as pessoas são maltratadas!

E não são precisas as agressões físicas, a maior parte das vezes são agressões verbais, agressões que se traduzem em insultos e ofensas pessoais.

São maridos que maltratam e insultam as mulheres, que as tentam anular na sua pessoa, que as limitam na sua criatividade, pais que agridem e infligem castigos aos filhos, são as maneiras como muitos idosos são abandonados, maltratados, agredidos e esquecidos.

Nos empregos, nos locais de trabalho, quantas pessoas, quase sempre mulheres, estão sujeitas aos mandos de "chefes" de meia-tigela, que muitas vezes as olham como meros objectos sexuais, são trabalhadores dos campos, principalmente na época das colheitas, que quase são tratados como escravos...

Um mundo-cão sujeito à lei do mais forte.

São imensas as queixas e, se algumas aparecem nos jornais, ou nas revistas cor de rosa, poucas, por enquanto, são denunciadas à polícia; a maior parte, infelizmente, ficam caladas no silêncio, na subserviência, no medo... Ou então no segredo dos consultórios médicos.

Foi assim, com mais um caso de agressão psicológica, de violência doméstica, que comecei o meu dia de trabalho!

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

PODIAM-ME IXPLICAL?

Agora que temos os chineses como accionistas maioritários da EDP, parece que vamos poder passar a pagar as contas nas inúmeras e diversas filiais que são as lojas dos chineses, tanto em Yuan como em Euros.



Nós também por lá andámos, há mais de quinhentos anos, e, em troca, recebemos Macau que administrámos até há pouco tempo.

Tudo bem! Acho que está na altura de nos abrirmos a outros negociadores e capitalistas e não nos sujeitarmos, apenas, ao capitalismo ocidental 

Mas, no meio disto tudo, há uma coisa que não entendo muito bem e que passo a citar dos jornais:


"De acordo com a proposta à reunião magna de accionistas, que consta na página na Internet da EDP, Eduardo Catroga, ex-ministro das Finanças pelo PSD, entre Dezembro de 1993 e Outubro de 1995 (terceiro Governo de Cavaco Silva), é o nome proposto para presidente do conselho geral da EDP.

Além do ex-ministro das Finanças e da ex-ministra da Justiça Celeste Cardona (CDS/PP), figuram ainda, entre os nomes propostos, a Parpública, a José de Mello Energia, Carlos Santos Ferreira, José Maria Espírito Santo Ricciardi, o também ex-ministro das Finanças do segundo Governo de Cavaco Silva Jorge Braga de Macedo, o ex-secretário de Estado da Presidência do Conselho de Ministros Paulo Teixeira Pinto, e o ex-governador de Macau Rocha Vieira."


Já repararam que, a maioria dos nomes propostos, são figuras gradas da maioria que nos governa? Ex-ministros do PSD e do CDS/PP, ex-secretários de estado e ex-governadores que, depois de terem abandonado os cargos já andaram a passear pelas mais diversas administrações da CGD, do BCP e de outras empresas público-privadas?

O que eu não percebo é porque é que é preciso tanta gente e porque é que são sempre os mesmos que vão tendo os melhores tachos?

Daqueles nomes todos propostos só vejo que haja lógica em duas pessoas: o Rocha Vieira, que foi o último governador de Macau e que deve perceber um mínimo de cantonês e mandarim para se entender com o grupo chinês, e a Celeste Cardona porque, como a China é um Império Celestial, o nome está perfeitamente apropriado. Agora os outros, meu Deus! Tantos ordenados chorudos a pagar, tantos cartões de crédito e carrões de luxo, tantas reformas douradas a receber daqui a meia dúzia de anos (ou serão apenas meses?)... Acho que não faz sentido!

Mas se, por acaso, faz sentido, então proponho-me para ir para lá, também. É que o meu nome, lido de trás para diante dá LUAR, e LUAR tem qualquer coisa a ver com o céu, e a Lua sempre é um Corpo Celeste! À conta disto será que não me arranjam um lugar de vice-conselheiro geral, ou vice-qualquer coisa, ou mesmo assessor da Celeste?

E prometo, logo a seguir, ir-me inscrever numa loja maçónica qualquer - poderá ser a "Luar Celestial" (será que existe?) -, no PPD/PSD e, se necessário, também no CDS/PP.

Ah! e já agora, também queria ter direito à electricidade de borla!


- ...

Desculpa, não entendi o que disseste, ò Celeste?




segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

BOLAS DE SABÃO

 
"As bolas de sabão que esta criança
Se entretém a largar de uma palhinha
São translucidamente uma filosofia toda.
Claras, inúteis e passageiras como a Natureza,
Amigas dos olhos como as cousas,
São aquilo que são
Com uma precisão redondinha e aérea,
E ninguém, nem mesmo a criança que as deixa,
Pretende que elas são mais do que parecem ser.
Algumas mal se vêem no ar lúcido.
São como a brisa que passa e mal toca nas flores
E que só sabemos que passa
Porque qualquer cousa se aligeira em nós
E aceita tudo mais nitidamente
.
"

 Alberto Caeiro in O guardador de rebanhos


Parece que, desta vez, não preciso de dizer mais nada porque está tudo dito!





domingo, 8 de janeiro de 2012

OS AVÓS

São seres únicos e raros porque só existem, com o valor que lhes é atribuído, na raça humana.

Nunca vi o frango neto de uma galinha ser apaparicado pela avó ou pelo avô galo, nem uma cadela avó a tomar conta dos cachorros enquanto a mãe ou o pai cão ficam de guarda ao portão da quinta, nem um cavalo-avô a tomar conta do potro-neto irrequieto.

Não sei se em comunidades mais fechadas e com grande sentido de agregado familiar, como a dos leões e dos primatas, não haverá um estatuto parecido.

Parece-me que, no meio dos seres vivos, só mesmo os Homens é que sabem ser avós e assumem esse papel.

É que ser avó ou avô é melhor que ser mãe ou ser pai.

É como uma herança que se recebe sem se ter feito nada por isso. O neto é um ser que nos surge nos braços sem trabalho, sem dores, sem compromissos. É um ser que se ama com extravagância e luxo, como um amor novo, profundo e feliz que apenas nos traz enlevos e doçura.

O avô não ralha, leva a passear, dá presentes, deixa lambuzar, não pretende educar, é confidente, pega no colo, empurra no balouço...

Ser avô, ou avó, é um privilégio exclusivo do ser humano. 

Ser avô faz a diferença!




sábado, 7 de janeiro de 2012

MÚSICA PARA DANÇAR

Ligou a telefonia antiga, daquelas ainda de válvulas, das que demoravam a aquecer antes de darem as notícias ou tocarem música e, assim que o rádio começou a crepitar, sinal que as válvulas já estavam quentes, foi rodando o botão de sintonia até encontrar uma música para dançar.

Ajustou a sintonia fina, regulou o botão dos graves e agudos, e convidou-a para dançar.

E, ali mesmo, na sala ainda nua de móveis, na sala onde iriam passar grande parte do tempo juntos, rodopiaram ao sabor da música, ao encontro das emoções, ao gosto dos corpos...

Ele bem notou a lágrima hesitante nos olhos dela e ela bem sentiu o abraço envolvente dele, cheio de certezas.

E ali ficaram, naquele início da manhã, a dançarem os corpos, a sonharem a vida, a desejarem que o amanhã fosse já até que, cansada, a velha telefonia começou a tossir, a engasgar-se, e a trocar aquela música para dançar pelo noticiário das dez que os acordou para a realidade daquele dia...


sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

DIA SEIS É DIA DE REIS

Chegaram, finalmente, depois de dias a olhar os céus atrás de uma estrela cadente, brilhante e persistente, que lhes ia apontando o caminho.




Traziam a curiosidade, traziam o respeito e traziam os presentes para aquele Menino Homem, Rei e Deus.

Hoje vou comer bolo-rei, beber um cálice de vinho do Porto e vou desmanchar os presépios, espalhados pela casa, deixando apenas um, bem em destaque, na prateleira do escaparate da sala para me lembrar que TODOS OS DIAS DEVEM SER DIAS DE NATAL! 



quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

O MELRO

Começou por ouvir um toque-toque, sem saber muito bem donde, como se fosse um bater seco, um martelar repetido, com algum eco curto ou uma ressonância.

O barulho parou mas, pouco depois, voltou, de novo, o toque-toque bem repetido.

Não conseguia identificar a origem do barulho e, muito menos, o que seria ou quem seria. Imaginou alguém a martelar fora da casa, mas quem poderia ser se a porteira estava fechada e ninguém, teoricamente pelo menos, poderia entrar? Ou seria o vizinho, do outro lado da cerca, a trabalhar junto das ovelhas que já andavam no pasto àquela hora matinal? Ou que mais poderia ser?

Mas o toque-toque repetia-se e não teve outro remédio senão levantar-se e ir ver o que se passava. O barulho vinha de cima, talvez da varanda ou da sala do fundo.

À medida que ia subindo as escadas o barulho tornava-se mais nítido, parecendo agora alguém a bater nos vidros da janela. Toque-toque, toque-toque, um silêncio quase de nada e, de novo o toque-toque.

Foi-se aproximando lentamente da janela donde vinha o bater, encostado à parede nua para não se deixar ver, e ali estava ele!



Um melro gordo, bem preto e luzidio, no parapeito, a olhar fixamente no vidro espelhado da janela, a olhar-se do outro lado, a imaginar, talvez, um rival do mesmo tamanho e proporções. De repente começa a bicar o vidro com força num ataque desenfreado ao seu rival virtual e tão igual a ele.

Mal se apercebeu da presença humana voou para outra janela poisou no parapeito, olhou na vidraça, estufou o peito preto, abriu as asas e agitou-as e voltou ao mesmo, ao desafio, ao toque-toque, ao ataque...

E ali se entreteve uma parte da manhã numa luta sem resposta, diante de um adversário, mudo e que tinha o condão de o imitar em todos os gestos e requebros...

Esta manhã ainda não apareceu. Será que volta?




quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

GOUDKLOMPJE SUIKERGOED

Agora que mudou a sede social e mandou os capitais para a Holanda, o SUPERMERCADO PINGO DOCE vai mudar de nome e vai passar a chamar-se GOUDKLOMPJE SUIKERGOED!

Para um holandês é fácil de pronunciar! E, para dar o verdadeiro sotaque e acento holandês, basta dar o jeito com a língua e arrastar os erres.

Claro que as etiquetas com os nomes dos produtos vão, também, mudar: as batatas passam a aardappel, as cenouras mudam para wortelen, o leite ficará melk, a carne de porco será, muito simplesmente, varkens vlees...

Dizem que, nos primeiros dias, vão distribuir uns folhetos com a fotografia do produto e o nome, em português e em holandês. Mas vai ser por pouco tempo, para nos obrigarem à língua adoptiva da família Soares dos Santos.

Já agora, será que, também, o apelido Santos vai passar para Heiligen?

E, já que os impostos dos lucros recebidos da venda de produtos portugueses aos portugueses vão ser pagos ao governo holandês, será que, com esta troca de pátria, os empregados portugueses vão passar a receber os mesmos ordenados dos colegas holandeses?

Não gosto do nome, é difícil de pronunciar - GOUDKLOMPJE SUIKERGOED -, e acho que kaas não tem nada a ver com queijo, nem brood com pão... e eu cá, nestas coisas, sou muito "brood brood, kaas kaas".

Por isso, a partir de agora, passo a ir ao Continente, ou a outro mercado mais português... 

É que ao LIDL, da senhora Merkel, também já deixei de ir, há muito!

Ainda se lembram do anúncio recente do Pingo Doce, do Portugal a minha primeira escolha?




 

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

RECOMEÇO

Acabaram as festas, as mini-férias chegaram ao fim e, hoje, tudo voltou ao habitual: as escolas que começaram as aulas, as ruas que se encheram de pessoas e de carros, o trânsito que voltou a entupir os cruzamentos, o metro que voltou a estar apinhado...

E o frio, que tanto incomodou no final do ano velho, parece ter deixado a cidade e fez vir o sol, por vezes meio escondido pelas nuvens, a proporcionar momentos de luz e cor e a encher as esplanadas ao ar livre que persistem em manter-se, neste Janeiro, nas avenidas de largos passeios, nos jardins e nos miradouros desta cidade.

Esse um dos encantos de Lisboa: o Sol, com a sua Luz e Colorido. Uma dádiva livre de impostos, de troykas ou de juros altos...

Para serem bem apreciados!

(Google images)



segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

GAIVOTAS EM TERRA...

Hoje a cidade acordou cheia delas. Umas no seu voo quase circular, outras fazendo oitos alongados, aproveitando a força do vento que as vai empurrando para cima e descansando, assim, do bater de asas, outras, ainda, poisadas no topo das chaminés ou na beirada dos prédios altos a observar, curiosas, o que se vai passando lá por baixo.

(foto do autor)

O céu escuro, do lado do mar, com as suas nuvens grossas, enroladas e a movimentarem-se com alguma rapidez, prenuncia tempestade.

E, se há tempestade no mar... as gaivotas vieram para terra e aproveitaram a manhã tranquila nesta cidade onde o sol, do lado nascente se mostra no seu esplendor e as nuvens escuras, do lado poente, do lado do mar, causam espanto e algum temor.

Um acordar de uma cidade ainda a despertar para o Ano Novo, para o Ano ainda criança...




domingo, 1 de janeiro de 2012

NOVO ANO

Entra sempre com a Esperança renovada embora se saiba que pouco de bom está para vir. É altura para mostrar a garra, a determinação, a força e a coragem de um povo.

E porque é preciso Acreditar, e porque estamos a preparar o terreno futuro para os nossos filhos, vamos à luta, vamos enfrentar, com coragem, a voragem deste mundo capitalista, deste mundo impessoal, deste mundo cego para tudo menos para o lucro fácil.

Vamos trabalhar, vamos dar o litro, vamos vestir a camisola desta selecção que se chama Portugal!

Vamos ter um ano 2012 excepcional. É só crer, é só acreditar, é só trabalhar, é só darmos as mãos.

Vamos!


(Google images)