segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

O CAPITONÉ

A sala, com aquela janela enorme rasgada na parede de cor ocre, aberta sobre o lago dos peixes vermelhos e dos nenúfares de flores brancas, vermelhas e amarelas, pedia um sofá grande, confortável e adequado ao ambiente de intimidade que ambos cultivavam.


Tudo parecia perfeito naquela sala... Os móveis de estilo inglês, de um rei qualquer já esquecido, a salamandra velha, de ferro fundido e desenhos harmoniosos, os livros arrumados junto à parede, de uma forma aparentemente caótica, a aparelhagem sonora de válvulas e o gira-discos, o candeeiro de pé, com focos orientáveis para facilitar a leitura...

Só faltava o sofá! Um sofá onde a ternura, a cumplicidade, os abraços apertados, a leitura, a música, os olhares, os sonhos, o entendimento, os afectos, o presente e o futuro fossem vividos na harmonia que sempre souberam idealizar e construir.

E foi naquele fim de tarde luminoso, depois de um dia de trabalho cansativo, com ela a precisar de um encosto para descansar o corpo e acarinhar os sentires, um fim de tarde que convidava a um olhar sobre o lago, acompanhado por uma música suave, que ela se surpreendeu com a sua presença.

Ele, que nesse dia tinha chegado mais cedo a casa, estava ali, à sua espera, sentado no sofá capitoné, de pele castanha envelhecida, a olhar através da janela enorme, com uma manta de desenho inglês a seus pés, e a escutar Jonh Lennon com o "imagine all the people living life in peace..." que, naquele momento, saía do LP antigo que ele tinha posto a tocar!





2 comentários:

Anónimo disse...

ADORO sofás assim e o Imagine faz-me, muitas vezes, companhia. O Sr. Dr. não me quer convidar para partilhar esse espaço?...
Beijos
Berta

Anónimo disse...

O Sr.Dr.até a convidava,mas o sofá,é pequeno demais para três...:))))
Beijo.