sábado, 9 de dezembro de 2017

O ADVENTO




É o tempo que há-de vir, o tempo que anuncia a chegada e que celebra as quatro semanas que precedem o Natal!

Os meus Natais de infância, quando ainda tinha avós, eram passados em casa deles... na Beira Alta, no tempo em que o Natal era mesmo frio, gélido, com ventos cortantes, que traziam ainda mais frio, vindos da serra da Estrela, geada e, por vezes, neve... um frio tanto, que até fazia "caramelo" na parte de dentro dos vidros das janelas.

Mas esse frio e esse desconforto eram compensados pelo imenso calor humano, fraterno, filial e "avoento" que ali era gerado.

E o Natal era bem preparado... o tempo do Advento, era o tempo de reflexão para o Natal que aí vinha, mas era também, o tempo para estarmos todos juntos, os avós, os pais, os tios e os primos, tanto do lado da Mãe como os do lado do Pai...


As casas dos avós, que ainda lá estão, quase se olhavam de frente e, então, se não estávamos num lado, estávamos no outro...

Na cozinha a forno de lenha da avó Isabel, a Luísa preparava as filhós, o arroz doce e os coscorões... já a minha avó Laura, excelente cozinheira e doceira, enchia a casa de aromas açucarados com toques de canela e de casca de laranja das rabanadas e que, ainda hoje, despertam as mais saudosas lembranças olfativas...

Os presépios, tanto numa casa, como na outra, eram a sério... com musgo, com espelhos a fazer de lagos, com a neve e os caminhos desenhados a farinha, com toda uma colecção de figuras cheias de cor, com os Reis Magos montados em camelos e, na cabana com telhado de palha, salpicada da tal neve enfarinhada, lá dentro, a família do Natal, com o menino de perna cruzada, mais a vaca, o burro e algumas ovelhas e, do lado de fora, uma estrela com cauda de cometa a apontar o local aos Magos que ainda vinham longe.

Como ainda não havia Coca-Cola, não havia o hábito das árvores de Natal iluminadas, nem do Pai Natal e das renas a puxarem o trenó... O Natal, nessa altura, pouco tinha de comercial, de compras impulsivas, de profano...

O Natal, nessa altura, era mais tempo de família, de alguma ou muita religiosidade, conforme a crença de cada um, da missa do galo, das lareiras de chamas vivas, de sorrisos, de alegria... mas, também, do tal frio gélido e penetrante, atiçado pelo vento que chegava da Serra da Estrela...




Estes Presépios, das fotografias, são de Estremoz e agora são Património da Humanidade... Obrigado manas Flores!















terça-feira, 17 de outubro de 2017

EM CHOQUE

EM CHOQUE!

Como me costumo levantar muito cedo, mais cedo do que as galinhas, comecei a ficar impressionado com a dimensão e abrangência dos fogos e, acima de tudo, com o número de pessoas que iam morrendo ou sendo descobertas, já mortas, por estes fogos anómalos, assustadores, inquietantes...

Parece que ninguém aprendeu nada com Pedrógão...

Parece que ninguém, dos que mandam e são responsáveis, anda na rua, talvez porque vivem em casas com ar condicionado, andam em carros com ar condicionado e trabalham em gabinetes com ar condicionado, e não se apercebem que, apesar de o Outono ter começado em 21 de Setembro, o calor continua como se Verão fosse...

Mais, provavelmente, porque está muito calor, resolveram diminuir a temperatura dos ares condicionados e começaram a ter algum frio e, vai daí, toca a desativar os meios de combate aos fogos e toca de acabar os contratos com os aviões apaga-fogos, com os sapadores e lá acabaram com a "fase Charlie"... e a culpa não é de ninguém...

A "senhora" ministra queixa-se que não teve férias e não lamenta a sua incompetência e esqueceu-se é de dizer que os mortos de Pedrogão, esses, é que nunca mais irão ter férias...

O senhor primeiro ministro escuda-se atrás do relatório e esqueceu-se que, no tempo do Sócrates, foi ministro da Administração Interna e que não pode fugir das responsabilidades...

A verdade é que morreram 100 pessoas que não deviam ter morrido... passaram 4 meses sobre Pedrógão e ainda este Estado continua a discutir as responsabilidades e não indemniza ninguém...

Este país não existe... é um país que só vê o país dos "êxitos" económicos, dos turistas que nos visitam... um país que produz um orçamento em que há dinheiro para subir os ordenados dos funcionários públicos, para satisfazer as exigências dum mini partido, que perdeu as eleições autárquicas e uma data de câmaras municipais, mas que não tem dinheiro para a defesa do território e das populações...

Um país em que os governantes dizem que as populações têm que ser mais resilientes, mais proactivas, esquecendo, ou nem sequer imaginando, que essas populações são os velhos que ficaram abandonados nas aldeias, que tratam das suas hortas e das ovelhas para seu único sustento... mas que sabem lá ir buscar o dinheiro dos impostos para os mercedes e bmws em que se passeiam quando vão fazer as visitas acompanhados das televisões...

Estou em choque... impressionado... ao fim de 70 anos da minha vida e de 45 a tentar salvar vidas e cuidar da saúde dos doentes... Estas mortes, gratuitas e inglórias, deixam-me em choque...


Quem é que nos governa? Será que temos, mesmo, um governo?

domingo, 8 de outubro de 2017

EU HOJE ESTOU DE FILHO

Eu hoje estou de filho...

Há quem esteja de avó, ou de avô, a tomar conta dos netos...

E os pais, se o sabem ser, estarão sempre de mãe ou de pai, porque assim deve ser...

Sou órfão de pai há alguns anos, e filho de uma mãe abençoada, linda, dedicada, sempre atenta, que soube cuidar e educar os seus filhos, sempre, da melhor maneira.

Agora, o tempo não perdoa, deixou-se levar nos seus 96 anos e 10 meses e começou a perder parte da sua autonomia...

Ela que, desde que o meu pai morreu, viveu sempre só e nunca quis alguém que a ajudasse nas suas tarefas, ou a acompanhasse durante a noite, para não se sentir sozinha, está agora incapaz de estar sozinha...

E chegou a altura de inverter os papéis: deixou ela de estar de mãe a "guardar" os filhos e passaram eles, os filhos, a guardar e cuidar da Mãe...

É por isso que, orgulhosamente, eu hoje estou de filho...




sábado, 26 de agosto de 2017

O NASCER DO SOL

O Sol, o astro-rei que comanda o nosso viver... quase se
ia deixando apagar por uma nuvem atrevida que o queria ofuscar...
O nascer do SOL nos mares do Algarve, frente a FARO, seriam umas 6h 30m... por aí!


quinta-feira, 17 de agosto de 2017

FÉRIAS

Imagino as férias como um período de tranquilidade, de amenidades, de paz... de pôr em ordem os sonos, de conviver com os amigos, de retemperar forças...

Imagino, mas a realidade é que nada disso aconteceu... a manhã começou cedo com o anúncio do sismo na zona de Lisboa, depois foi a chegada dos fumos dos vários incêndios deste país ardido (ainda existe algum eucalipto por arder?) que cobriram os céus deste Algarve abafado, em seguida os habituais cortes das A1 e A23 e mais umas quantas EN com números de 3 algarismos devido ao reacendimento dos mesmos fogos que não se conseguem apagar e, para acabar, o atentado nas Ramblas de Barcelona...

A preocupação, a angústia, as incertezas a tornarem o dia intranquilo na contradição daquilo que eu queria que fosse um dia de férias...

quarta-feira, 16 de agosto de 2017

SACUDIR A ÁGUA DO CAPOTE





SACUDIR A ÁGUA DO CAPOTE

Hoje foi o azar do carvalho que matou 13 pessoas, há 2 meses foram as 64 mortes nos incêndios de Pedrogão, no dia a dia são os incêndios que vestem de luto este país, amanhã serão as inundações e os desalojados por causa das águas que saem dos leitos das ribeiras ... e estaríamos aqui o resto da noite a enumerar os acidentes preveníveis que poderiam ter sido evitados.

Mas, o pior disto tudo é que ninguém se assume como responsável ou culpado... A culpa, como sempre, morre solteira e toda a gente sacode a água do capote...



ES

sexta-feira, 7 de abril de 2017

AGORA QUE VI AS FLORES...

Agora que vi as flores
Encherem os campos de cores

Agora que senti o cheiro
Da hortelã semeada em Janeiro

Agora que o ondear das searas em desalinho
Se acaba em espuma de estevas na beira do caminho

Agora que as águas da ribeira
Correm serenas, à sombra da macieira

Agora que os dias se tornam mais luminosos
As andorinhas passam à nossa frente em voos vertiginosos

Agora que os cágados estão a despertar
De um sono que parecia não acabar

Agora que as papoilas sorriem ao dia
E o seu vermelho é um grito de euforia

Agora que a paisagem que nos rodeia
Brilha e encanta, como milagres em cadeia

É sinal que o Inverno acabou
E a Primavera chegou...





quarta-feira, 5 de abril de 2017

E SE FOSSE COMIGO?

Acabei, estupefacto, de ler a notícia de que foram arquivados os processos do BPN respeitantes ao dias loureiro e ao oliveira e costa:
"O Ministério Público (MP) anunciou esta terça-feira que arquivou um processo-crime aberto em 2009 em que o antigo ministro social-democrata Manuel Dias Loureiro era suspeito de burlar o Banco Português de Negócios (BPN). "Não obstante as diligências realizadas não foi possível reunir prova suficiente", justifica o MP numa n...ota divulgada esta terça-feira. (via Público)
...
Mesmo assim o Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP), onde decorreu a investigação, afirma que não foi "possível identificar, de forma conclusiva, todos os factos susceptíveis de integrar os crimes imputados aos arguidos Manuel Joaquim Dias Loureiro, José de Oliveira e Costa e ao suspeito Abdul Raham Salah Eddine Al Assir". Em causa estavam os crimes de burla qualificada, braqueamento de capitais e fraude fiscal qualificada." (via Público).


É parecido ao recente caso do "Orelhas" da claque do Futebol Clube do Porto e "amigo" do todo-poderoso pinto da costa que, depois daquela agessão ao árbitro fica em liberdade... não fosse o pintinho zangar-se...

Claro que, se eu dever 2 cêntimos ao Fisco, se roubar um iogurte num supermercado, porque não tenho que comer, serei logo notificado e preso!

Ainda bem que não é comigo! Ou será?

É triste viver num país em que a justiça é feita e moldada por leis feitas pelos escritórios de advogados que defendem os escroques, os vigaristas, os ladrões... e os bancos lhes estendem a passadeira vermelha...

Comigo, basta atrasar um dia um pagamento, mesmo insignificante... e temos o sms do banco a lembrar que se não quer ver inibida a conta, terei que pagar célere...

Ainda bem que não me chamo dias loureiro, oliveira e costa, ricardo salgado e tantos outros... por enquanto escrevo o meu nome em maiúsculas porque me acho honrado e honesto.

Triste viver num país assim...