Devo ter uma colónia de morcegos aqui por perto. Mal o lusco-fusco começa a anunciar-se ei-los que surgem, esparsos de início, depois em bandos, prontos a iniciar o festim da ceia nocturna. O tempo aqueceu e os insectos alados começaram a surgir: são mosquitos, mosquinhas, moscas, abelhas, vespas e tudo aquilo que é insecto e voador é rapidamente consumido por estes mamíferos com asas.
Outro dia entrou-me um dentro de casa. Gritaria, sustos, medos infundados de mordedelas no pescoço. É que estas séries tipo Lua Vermelha e os filmes crepusculares que por aí andam, mais as noites de sexta-feira e de lua cheia, enchem a cabeça das pessoas de muita imaginação. Outros aproveitam para fazer as suas "raves" nos cemitérios às sexta-feiras, com cerimoniais de sangue ou de qualquer bebida vermelha. O certo é que me vi aflito para o tirar dali para fora: janelas abertas, obstáculos e enxotamentos para o guiar para a melhor saída. Demorou. O mamífero andou ali às voltas quase uma eternidade, mas acabou por sair debaixo de uma catadupa de aplausos assustados.
Há uns anos atrás andei pela Roménia, pelas terras do Conde de Drácula, e tive a oportunidade de visitar aqueles locais onde a fantasia tenta tornar-se realidade. São museus de horrores, de instrumentos de torturas, de morcegos e vampiros, de frascos de "sangue" coagulado para impressionar quem procura emoções. Acho que naquela altura em que visitei a Roménia nem era preciso nenhum Conde de Drácula para impressionar, pois quem governava aquele país era aquele homúnculo de má memória - o Nicolas Ceausescu - que aterrorizava, prendia, torturava, mordia, batia, maltratava, chupava o sangue e o resto ao povo... Um verdadeiro Vampiro!
Eu até acho os morcegos simpáticos. Há uma família de morcegos, os "Beltrames", que são mesmo uma simpatia: segundo me disseram têm origem italiana, com várias colónias no Brasil, e que, talvez trazidos na bagagem de algum português, vieram fazer ninho aqui em Portugal. Em vez daquele grito agudo, estes emitem uma sonoridade grossa e parecem que cantam ao "falarem" entre eles. São sociais, simpáticos e, quando fazem amizade, são fiéis a quem lhes é amigo. Eu tenho uma família de Beltrames que são meus amigos... que bom!
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