Decidiu comemorar o dia das bruxas da melhor maneira.
Foi até Salem, a norte de Boston, no Massachusetts.
Tinha lá estado há uns anos atrás, na mais famosa cidade das bruxas, mas longe do dia 31 de Outubro.
Ficara-lhe a curiosidade e o desejo de viver uma verdadeira noite de bruxas, bruxarias, encantamentos, magias e de medos.
E foi... desta vez decidiu-se.
Recuou à Idade Média, trajou-se de mago Merlin, encarnou o espírito da Távola Redonda, do Rei Artur e da espada Excalibur, acompanhou-se de um livro grosso, de capas duras, onde tinha escritas, e anotava, as magias, as poções, os rituais, os encantamentos...
Chegou no momento em que o conselho dos magos e das bruxas se reunia numa roda, sob a presidência do mago chefe; no meio da roda o caldeirão, sobre um lume vivo, um vapor arroxeado saindo da fervura da poção, um cheiro a enxofre misturado com mirra, e o mago chefe a falar... em bruxês.
Vozes concordantes, murmúrios discordantes, e o mago chefe, auxiliado pela bruxa Utopia, à medida que falava, ia temperando aquela poção com escamas de víboras, pedaços de pele de sapo, algumas unhas de morcego, dois ou três dentes de caracol babado e Mandrágora, muita Mandrágora.
O tom da discussão ia subindo, as divergências quase ao rubro, os magos a contradizerem as bruxas e estas a entrarem em histeria, a fazerem soltar faíscas das suas varas de azinho, incendiando o ambiente. Raios, coriscos, trovões e uma chuva ácida a cair no meio daquela roda alucinada.
Até que a poção ficou pronta e o mago chefe a foi distribuindo por todos... E teve efeito quase imediato e a discussão acabou com um acordo comum. A roda desfez-se e as bruxas e os magos saíram contentes da roda em alegre cavaqueira.
Enquanto ali estava, naquela roda de bruxas e de magos, lembrou a discussão do orçamento... Será que já tinha acabado? Será que teriam chegado a algum acordo?
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