Encheram-lhe a casa de figos, romãs, castanhas, passas, nozes e avelãs, fora o vinho abafado, a jeropiga, a água-pé e as célebres broas dos santos.
É a tradição! Ainda se mantém. Felizmente.
É a festa de Todos-os Santos. É o dia em que os maus pagadores, quando dizem que só pagam no dia de São Nunca à tarde, vão ter a ocasião e a oportunidade de o fazer...
É também a altura de pedir o "Pão por Deus": crianças que se juntam e andam de porta em porta a pedir o "Pão por Deus", numa tradição parecida com a das Janeiras; entoam cânticos tipo:
Fiel de Deus,
Bolinho no saco,
Andai com Deus."
Ou então:
“Pão, pão por Deus
à mangarola,encham-me o saco,
e vou-me embora"
Ou ainda:
"Bolinhos e bolinhós
Para mim e para vós
Para dar aos finados
Qu'estão mortos, enterrados
À porta daquela cruz
Truz! Truz! Truz!
A senhora que está lá dentro
Assentada num banquinho
Faz favor de s'alevantar
P´ra vir dar um tostãozinho."
Para mim e para vós
Para dar aos finados
Qu'estão mortos, enterrados
À porta daquela cruz
Truz! Truz! Truz!
A senhora que está lá dentro
Assentada num banquinho
Faz favor de s'alevantar
P´ra vir dar um tostãozinho."
Se os donos da casa não dão nada:
"Esta casa cheira a alho
Aqui mora um espantalho
Esta casa cheira a unto
Aqui mora algum defunto."
Aqui mora um espantalho
Esta casa cheira a unto
Aqui mora algum defunto."
E, se dão alguma coisa:
"Esta casa cheira a broa
Aqui mora gente boa.
Esta casa cheira a vinho
Aqui mora algum santinho."
Aqui mora gente boa.
Esta casa cheira a vinho
Aqui mora algum santinho."
E lá vão enchendo o saco de pano com frutos secos, broas e romãs.
As tradições que ainda se vão mantendo... um pouco do Portugal que não morre!
Sem comentários:
Enviar um comentário