É o dia de finados... dia dos fiéis defuntos, foi assim que sempre tinha ouvido chamar àquele dia.
Antigamente, nesse dia, tinha de usar uma gravata preta, em memória e homenagem aos familiares falecidos: o avô paterno, a bisavó da Cunha, uma série de tias e tios que nunca conhecera.
Havia missa, a cerimónia de prece e encomendação das almas e a visita ao cemitério, às campas e ao jazigo da família.
Aprendeu, assim, a respeitar os mortos, ou melhor, a memória dos vivos que foram. Sabia das histórias dalguns desses familiares, do que tinham feito, como tinham vencido na vida, como contribuíram para o desenvolvimento da terra.
Incutiram-lhe esse respeito e soube-o sempre respeitar.
Mas hoje, mais uma vez, ficou triste, triste com este país, com este estado. Um estado que é feito da massa dos seus governantes.
A propósito da data, foi apresentada uma reportagem sobre um cemitério, em Moçambique, onde repousam os restos mortais de muitos soldados mortos em combate, ao serviço de Portugal, durante o período da guerra colonial. O espaço estava completamente coberto de mato, as cruzes e as campas tinham de ser adivinhadas, tal a densidade vegetal.
Dois exemplos, depois de muita catanada para deixar a descoberto as lápides e as cruzes, do que deveria ser um cemitério que honrasse a memória dos que lá estão :
Que país é este que abandona assim aqueles que mandou morrer pelo império? Que estado é este que esquece aqueles que foram mortos sem saber porque morriam?
E o estado democrático, os governos, o que têm feito?
Respeitam os mortos da pátria? Têm cuidado dos restos dos seus soldados?
Nem sabem, nem querem saber... ou melhor, sabem, mas não querem saber.
Falta muita cultura, falta educação, falta respeito... mas com estes governantes, com estes políticos, com esta assembleia do povo que seria de esperar? Pois se eles nem os vivos respeitam...
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