Tinha apanhado cá um susto... Nem no dia das bruxas ficou tão assustada!
O corpo tremia, o coração batia acelerado, socava-lhe o esterno com força e rápido... quase a querer soltar-se do peito e a sair pela boca. As mãos não conseguiam segurar nada, os dedos fribilavam, como que lhes perdera a força, a capacidade de preensão... queria telefonar mas o telemóvel caiu-lhe ao chão duas vezes, saltou-se a tampa da bateria, teve dificuldade em colocar tudo no sítio, e depois, com o nervoso, digitou mal o código e o telemóvel acabou por ficar bloqueado.
De facto, aquela sombra imensa a correr atrás dela, quase a engoli-la, no túnel mal iluminado da estação de metro causou-lhe pavor... imaginou um drácula, um vampiro, mesmo o Frankenstein a persegui-la e ela a fugir, a tropeçar num chão cheio de obstáculos inesperados. Até ao momento em que cai, se estatela e fica sem forças para se levantar, tenta gritar mas nada sai da sua boca... a voz ficou prisioneira do seu corpo, os esforços para se levantar foram infrutíferos e a sombra a ficar maior, a ganhar forma e volume, a chegar-se junto a ela e ela a entrar em pânico, a quase estrebuchar de pavor, e a voz sem sair, os gritos a ficarem mudos, numa sensação de impotência total.
E, no momento em que ia ser apanhada por aquela sombra imensa, no momento em que ia ser estrangulada pelas mãos daqueles braços negros de sombra, fortes e impiedosas, ao virar-se para tentar fugir delas caiu da cama abaixo... e acordou estremunhada, assustada, apavorada, sem saber o que era sonho e onde estava a realidade.
O candeeiro da mesa de cabeceira projectava, na parede da frente, uma sombra ameaçadora provocada pelo livro que acabara de ler naquela noite: "Sombras de medo".
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