Eram quase cinco da tarde, a hora do seu chá.
E ele gostava de tomar o seu chá àquela hora. Desde que não houvesse motivo de maior, pontualmente, às cinco horas, dezassete para ser mais preciso, lá chegava o seu chá, o seu Assam, de cultivo indiano, acompanhado de bolos secos, de canela.
Era um ritual.
Naquela altura do dia, com as tarefas quase todas realizadas - só faltava ver os desenhos que ela tinha prometido trazer - um chá preto, como o Assam, satisfazia-o de forma especial: dava-lhe o ânimo que a teína e a cafeína forneciam, o sabor apaladava-lhe as papilas gustativas e preparava-as para o momento do jantar e, o calor daquela infusão, confortava-o e descansava-o do seu trabalho intenso de criação.
Mas ela tardava em chegar.
Tinham combinado às 16 horas, o que dava tempo para verem, com tranquilidade, as novas colecções de moda para o próximo verão.
Ela tinha combinado trazer os esquissos dos vestidos e dos fatos de banho. Mas a verdade é que ela não tinha tido tempo para nada e nem sequer tinha ainda feito qualquer rabisco.
E sabia também que, depois do chá, ele já não queria saber de trabalho.
Adiou o problema.
Mandou uma mensagem: trânsito caótico, vou chegar mais tarde, só pela hora do chá...
2 comentários:
Para chá, qualquer hora é boa. Acho eu.
Boa desculpa essa do trânsito... será por isso que anda tanta gente atrasada?
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