Aproveitou a hora do almoço e foi passear no jardim.
Nessa dia não tinha fome, o pequeno-almoço ainda mantinha o seu efeito de saciedade, e, por isso, dispensava a refeição. Se fosse preciso, pela tarde, tomava um iogurte, comia uma bolacha integral e, de certeza que se aguentava até à hora do jantar.
Sabia-lhe bem passear ali, tudo bem arranjado, as árvores do outono com as cores únicas da época, umas mais despidas que outras, os canteiros cheios de flores, água em abundância, a passar de um lago para outro, papiros, canaviais, os cisnes, os patos, tudo bem arrumado numa paz e num sossego que só faziam bem à alma.
Gostava de se sentar num banco de pedra, daqueles baixos, meio escondido por um choupo frondoso, junto à borda de água. Dava para ver o céu e as copas das árvores a reflectirem-se nas águas quietas, para olhar as pessoas a passearem na outra margem: casais enamorados, abraçados, enrolados em beijos, outros de mão dada em conversa tranquila, um ou outro passeante apressado, crianças correndo, carrinhos de bebé empurrados por mães solitárias ou casais jovens, idosos a passear no seu vagar, estudantes à procura de um poiso, para namorar(?), para estudar (?)...
Dali, daquele posto de observação, via uma parte do mundo, uma parte da vida... a parte ajardinada do dia, onde tudo passa tranquilo, onde apetece sorrir, onde a paz domina, as flores cheiram, as árvores titilam as folhas suavemente, os cisnes navegam os silêncios sem esteiras...
Apetecia tanto ir ali, olhar, sentir, fruir, carregar baterias, renascer os sentires!
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