sexta-feira, 22 de outubro de 2010

SEM SONO

Custou-lhe adormecer naquela noite.

Não sentia remorsos de nada, nada lhe pesava na consciência, não andava stressado, nem com problemas para, nem por, resolver.

De ansiedade nunca se queixou, tirando nas alturas em que tinha exames ou provas de qualificação.

Também não estava apaixonado e os seus amores estavam perfeitamente estabilizados.

Só se fosse daquele café forte que tinha bebido depois do jantar. Estava a sentir-se com sono e tinha de aguentar aquela conversa de circunstância com os convidados e achou que a melhor maneira seria pedir um café: duplo, acentuara!

Bebeu-o de um trago, como sempre fizera, e sentiu bem o travo da cafeína... que lhe deu a espertina suficiente para aguentar a conversa que ainda se prolongou por uma hora bastante comprida.

Saiu do restaurante e foi a pé para casa, a sentir o vento fresco da noite. Sabia-lhe bem. Lá dentro, no restaurante, estava calor, abafado, e aquele quase frio da rua ainda lhe veio trazer mais alerta aos sentidos.

E, naquele tempo em que não adormecia, pensou que horrível seria ter insónias como esta, assim, todas as noites, acordado, sem sono, olhando a noite passar, olhando o escuro de olhos abertos,  com o espírito cansado mas acordado...

Pois é, quem lhe mandou tomar aquela bica forte?

Agora não dorme, fica com sono!

Maldita cafeína! 

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