Começou quase pelo fim do dia.
Uma tarde de sol, com algum vento e um céu de nuvens fugidias, brancas, esfarrapadas.
Cedo interrompeu o percurso num hotel de Santiago. Dos Caminhos... Só que não ia para norte, desta vez escolheu o sul, o Algarve. Um outro caminho, um outro sentido.
Hotel diferente, cheio de xistos, de espaços, de salas, de locais para encontros, ou desencontros. A decoração minimalista, de novo a persegui-lo, desta vez num charme feito pessoas, feito local, feito espaço.
O fim de tarde escondeu o sol em nuvens cinzentas, grossas, mas não ameaçadoras.
Jantar tranquilo, quase de cozinha de autor, mas com produtos tradicionais... apetitoso, de parabéns.
O acordar soalheiro pediu um partir apressado pois a costa vicentina exigia tempo para um passeio de descobertas e de memórias.
Sines, Porto Covo, São Torpes, a ilha do Pessegueiro, o cabo Sardão... as praias, o mar forte de ondas francas, de enrolar, a chamar surfistas, o vento norte, as aves, as dunas... recordações e descobertas da costa rica e única deste Vicente que a percorreu por mar com os seus amigos corvos.
Almoço no Marques de Porto Covo, com sargo na grelha, especial no sabor e de paladares recordados.
Chegado a tempo do pôr do sol no Cabo de São Vicente, um ritual esperado por muitos, expectantes, de binóculos alguns, as máquinas fotográficas a postos, à espera do adeus, do ponto verde da felicidade...
O dia a despedir-se e a trazer nuvens mais encorpadas, mais cheias, mais escuras, mais pesadas... de chuva, de instabilidade, de trovoada.
Deixou a noite passar tranquila e, ao acordar, pingou algumas gotas que iam deixando a sua assinatura pontual no ladrilho do terraço da sala do pequeno-almoço do hotel, em Sagres.
Depois veio forte, a chuva, a lavar as ruas, a ensopar a poeira seca dos caminhos, a molhar os campos, a escorrer das folhas, veio com vento, com trovoada longe, com ameaças de temporal, com rios de água a formarem-se num repente.
Mais um anúncio de outono ou uma forma que o tempo achou em protestar, também, contra o desgoverno e as medidas tardias deste governo desgovernado? Quem sabe uma enxurrada não leva aquela gentinha toda?
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