quarta-feira, 18 de agosto de 2010

PASSAGEM DAS HORAS

"...
Colhe no giro do teu volante vertiginoso e pesado
Os corpos de todas as filosofias, os trapos de todos os poemas,
Esfrangalha-os e fica só tu, volante abstracto nos ares, ..." (Álvaro de Campos).

Vertiginosamente corria,
com a pressa de quem corre atrás de alguém.
Nas mãos, o volante pesado
dava-lhe um correr desajeitado
mas ia correndo sempre
atrás dos corpos de todas as filosofias,
tentando apanhá-los,
esmagá-los,
soltando os pensares
e atirando-os aos ares
assim  como aos trapos dos poemas,
esfragalhando-os em tiras 
libertando fonemas,
libertando-os das algemas,
ficando só,
aquela roda,
abstracta,
a girar,
a girar,
pelo ar...

2 comentários:

Anónimo disse...

NÃO CONSIGO LOCALIZAR NO TEXTO DE ALVARO DE CAMPOS, O TEXTO ASPEADO É MESMO DE pASSAgem das horas?

BLOGGETROTTER disse...

É mesmo. Ed. Assírio Alvim 2002 - Álvaro de Campos - Poesia Pg.203