sexta-feira, 27 de agosto de 2010

O ESPADARTE

Foi como uma aventura. Alucinante!

O barco, uma aiola de Sesimbra, dois homens, o remador e o pescador. Dez milhas da costa, zona dos grandes fundos, bem ao largo.  Como isco, a xaputa, o alimento preferido dos espadartes, e duas canas, com carretos, linha e anzóis apropriados.

Uma espera de três horas, o rabo dormente de sentado naquele banco de pau que balouçava insistentemente. O peixe que pica, mordisca o isco, a linha que mexe a despertar atenções  e a libertar emoções, de novo  a calma por segundos e, num instante, o enorme espadarte ataca a xaputa, engole-a. 

A linha a libertar-se, o carreto a girar vertiginosamente, quase a fumegar, até que pára. Depois o enrolar e o largar, o puxar e o largar, os esticões, os sacões, numa luta quase sem fim, acesa, sacudida, esgotante, determinante.

Um peixe enorme, aos saltos, ao longe, quase arrancando o pescador da cadeira. Três horas de  luta. 


Até que o peixe, esgotado,  afunda. Segue-se o tirá-lo de uma profundidade de 700 metros, com o barco a andar avante e à ré, em mais quatro horas, até trazê-lo à superfície - ah, se o Ernest Hemingway estivesse ali, naquele momento, ia ficar cheio de inveja -.

Finalmente, as fotografias, o medir do animal majestoso, de um azul intenso e de espada magnífica, o tirar do anzol e o libertá-lo para o mar que lhe pertence.


A satisfação de um dia único e, porque foi único, foi diferente, especial, irrepetível.





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