quinta-feira, 20 de maio de 2010

A PARKER AZUL

Detesto as esferográficas, embora reconheça que são um mal necessário.

Gosto muito de escrever com aparo. Não passo um dia que não utilize a minha caneta. É uma caneta antiga, azul forte, com um aparo médio,  de ouro. Escreve solto, sem prender ou arranhar o papel, num deslizar suave. Cai bem na mão, não é pesada, não é muito gastadora de tinta e tem um tinteiro de razoável volume.
A tinta é castanha, da cor da canela, só  que não tem aroma.  Arranjar tinta castanha é que está, cada vez mais difícil, mas lá se  vai conseguindo. É preciso procurar nas boas papelarias, em lojas de artigos de desenho e, em último recurso, compro anilina castanha e preparo a tinta.

É um prazer escrever com ela, seja numa folha branca, seja nas de cor amarelo pálido das minhas receitas, do papel de carta ou dos cartões.

Acho que a caneta de aparo dignifica a escrita, dá um certo charme à caligrafia e desperta mais a atenção para o conteúdo do texto. Tenho pena que a minha escrita de hoje não saia caligrafada, mas penso que vai sair no tal castanho-canela, pois acho que  consegui, mesmo sem dar a volta ao texto, mudar a cor ao mesmo.

A propósito do "dar a volta" lembrei-me de algumas expressões idiomáticas como o dar a volta ao texto, o dar a volta por cima e o dar a volta ao bilhar grande. Se os nossos governantes fossem capazes, inteligentes e honestos talvez fossem capazes de dar uma volta por cima da crise bastando, para isso, dar uma volta ao texto e mandando uma série de parasitas e incompetentes dar uma volta ao bilhar grande.


Eu assinava por baixo, com a minha Parker azul  e com a tinta cor de canela.
 

1 comentário:

Anónimo disse...

Apoiado!!!
B.M.