A língua portuguesa, por vezes, é muito traiçoeira.
Perguntava-me, neste fim de tarde de despedida, o que é que ainda tinha que fazer? A resposta veio-me pronta: o que tenho que fazer é a mala.
Mas, ao mesmo tempo veio-me a dualidade de expressão: o que tenho que fazer é amá-la.
De facto as homofonias, as cacafonias e outras fonias tornam a língua portuguesa rica de dizeres e de soletrares e só quem os entende bem é que os sabe interpretar.
Mas o mesmo têm as outras línguas. Lembro-me daquela aprendida nas aulas de Francês: "Le maire dit à la mère que la mer est amère" ou ainda, esta já ensinada mais tarde, o "Gal aimant de la Reine à la Tour Magne à Nimes" que se pode ler com a mesma entoação também como "Gallament de l'arène à la tour magnanime".
De facto, são os pequenos nadas de cada língua que lhes dão a riqueza de expressão e de entendimento.
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