Ganhei um vizinho!
Instalou-se no buraco dum sobreiro, bem junto à casa e ali fica sossegado, na sua sombra a aguardar o anoitecer.
É silencioso, não incomoda e faz boa vizinhança.
A noite é o seu dia. Assim que escurece lá vai para o cimo do poste do telefone, no meio do arvoredo que fica junto ao canil, e ali se aquieta, a dominar o escuro com os seus olhos enormes e bem abertos.
Quando a noite e o luar o permitem, sento-me na espreguiçadeira de lona do terraço e ali fico, calado nos meus silêncios, tranquilo numa quase imobilidade, a olhar o poste, o mocho e as suas investidas silenciosas.
Muitas vezes o seu voo surdo é seguido de um barulho de restolho, de um guincho de agonia e de um piar forte e quase violento. O regresso à árvore, com a presa nas suas garras, é saudado pelos piares esganiçados e famélicos das duas crias que a mãe protege.
É assim, o noite-a-noite destes meus recentes vizinhos e aliados.
Aliados como o Ouriço, o gato, que domina o território pequeno que é a quinta.
Aliados como o Ouriço, o gato, que domina o território pequeno que é a quinta.
São ambos muito úteis, controlam a população de outros animais que me dão cabo da horta, as toupeiras, os ratos do campo, assim como os pássaros, que se deliciam com as cerejas que começam, agora, a ganhar a cor do sangue, os morangos, as framboesas...
De vez em quando deixo-lhes um presente: carne crua que penduro na árvore, ou um prato de leite e peixe cozido.
Assim compartilhamos a nossa solidariedade, uma maneira de sermos cúmplices sem trocas de palavras, respeitando os limites de cada um.
Assim devera de ser, sempre, entre os homens.
De vez em quando deixo-lhes um presente: carne crua que penduro na árvore, ou um prato de leite e peixe cozido.
Assim compartilhamos a nossa solidariedade, uma maneira de sermos cúmplices sem trocas de palavras, respeitando os limites de cada um.
Assim devera de ser, sempre, entre os homens.
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