Acordei com o olho quente, com dor e muita comichão. Levantei-me e fui direito ao espelho: vermelho de sangue, inchado, a purgar uma serosidade transparente, quase gelatinosa, que turva a vista quando olho apenas por ele.
Chatice! Mais uma veia que deve ter rebentado.
É o que dão as viagens de avião! As altitudes, as diferenças de pressão, o ar condicionado, enfim, uma mistura de circunstâncias e de causas que levam, com frequência, ao eclodir do sangue.
Coisa para três ou quatro dias, apesar dos "Visadrons", dos "Red Eyes da Optrex", que compro sempre que vou a Inglaterra, na Boots dos aeroportos.
Este ano tem sido um exagero.
O oftalmologista diz que não há muito a fazer. O defeito é estrutural e tenho que aguentar e andar com as gotas perto de mim.
Mas acho que, desta vez, além do avião, o olho ficou, acima de tudo, IRRITADO:
MUITO IRRITADO com a arrogância do sócrates, dos ministros dele e dos políticos de pacote que temos.
MUITO IRRITADO com as medidas tomadas para resolver, muito parcialmente, a crise a que todos eles nos levaram: uns fazem as asneiras, aproveitam-se, enriquecem, os outros (o povo) pagam com os impostos, pagam com a redução ou abolição do 13º mês, pagam com o subsídio de férias que vamos deixar de ter, pagam com a diminuição do poder de compra...
MUITO IRRITADO com os planos megalómanos que insistem em iniciar. Essa do TGV tira-me do sério!
MUITO IRRITADO com a resposta patriótica que o sócrates espera dos (parvos, para ele) portugueses. Tivesse sido ele patriota e tivesse pensado no povo na altura própria.
MUITO IRRITADO com as palavras do decrépito soares a defender o sócrates citando Camões: "mudam-se os tempos...
Só que em vez do:
Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
muda-se o ser, muda-se a confiança;
todo o Mundo é composto de mudança,
tomando sempre novas qualidades.
muda-se o ser, muda-se a confiança;
todo o Mundo é composto de mudança,
tomando sempre novas qualidades.
o safado do velho disse para o jornalista com ar de gozo e a julgar que somos estúpidos:
Sabe amigo, já o Camões o dizia num soneto: mudam-se os tempos, mudam-se as verdades.
Na verdade, as verdades do sócrates, do soares e dos socialistas mudam conforme as ocasiões. Tem sido sempre assim.
Por tudo isto o meu olho irritou-se e o problema é que não há colírio que trate esta conjuntivite. Parece que só há uma maneira: despedir a corja que nos governa, sacar-lhes a arrogância, já que humildes nunca serão, e obrigá-los a sofrer na pele os males que nos fizeram.
Que tal abrir-lhes os olhos e, em vez de colírio, colocar gotas de vinagre?
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