O tempo serenara e o jantar especial pedia um passeio.
Tinham que desmoer aquela comida toda: as migas, o costado, o bolo fidalgo, o vinho do Monte da Ravasqueira, ali mesmo, de Arraiolos.
A pousada não ficava distante, era um bom passeio, a pé.
E foram andando por aquelas ruas estreitas e inclinadas, feitas de calçada de pedra, com casas baixas e brancas, todas a desaguar na praça do Município.
Praça grande, com espaço em demasia, vazia àquela hora da noite.
Ela, ele, sós, e a música clássica que saía das varandas do edifício da Câmara... reconheceu-a num instante... o Lago dos cisnes... era Tchaikovsky, ali, naquele pedaço do Alentejo, a encher de sons aquela praça vazia... e, num instante, ele a imaginar-se o príncipe Siegfried a sonhar a sua Odette, de momento enfeitiçada, pelo mago Rothbart, em cisne branco.
E, enquanto a música tocava, os jogos de água, ao compasso da mesma, saíam em repuxos ritmados do lago, situado no meio da praça, em jogos de água e de luz únicos, surpreendentes, enigmáticos, mágicos.
Sem arco e flecha, mas com a câmara fotográfica, ali estava pronto a disparar sobre um cisne imaginário... e no momento do disparo, do flash saído, surge-lhe assim, num passo de dança, numa inesperada pirueta, a sua Odette...
... a sua princesa de encantos!
(fotografia do autor)
3 comentários:
A fragilidade da água, as imagens ilusórias, o encanto das Artes. Princesas? Ainda existem??
magnifico "passo de dança" escrita!
magnifica fotografia!
beijo.
(isabel mendes ferreira)
A foto é um prémio ao olhar sensível de um ser romântico em que nada lhe é indiferente.
Parabéns levou-me ao lago Obrigado
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