Cruzou-se com ela, inesperadamente, na esquina da avenida.
Trocaram olhares, pararam para se certificarem que que cada um era mesmo o outro, e cumprimentaram-se de forma efusiva.
Fazia tempos que não se viam: mais velhos, os dois, mas mantendo o mesmo gosto pela vida, os mesmos interesses, as mesmas afinidades.
Conversaram demoradamente num dos bancos daquela avenida, debaixo de um jacarandá azuladamente florido. Falaram da casualidade do encontro, falaram do trabalho, da vida, da família, mas falaram, também, deles, dos dois, da necessidade de novamente se encontrarem, de conversarem mais vezes, de voltarem a reatar a amizade de antigamente, perdida por desencontros, e reforçá-la, agora que o destino os tinha, de novo, colocado frente a frente.
A tarde ia-se deixando escorregar naquela conversa boa, naquele recordar de vidas, naquele entusiasmo do encontro, até que ela se deu conta que tinha que ir buscar a neta. A filha tinha um jantar e não tinha ninguém mais a quem deixar a filha.
E já estava em cima da hora!
Levantou-se apressada, ansiosa, despediu-se a correr, chamou o táxi que passava ali defronte e, da mesma forma como se encontraram, assim ela se foi, de repente, sem quase dizer um adeus, sem deixar um contacto, a perderem-se, mais uma vez, um do outro, nos desencontros da vida...
2 comentários:
E como custam, os desencontros da vida...
Beijos
Berta
Muito bom! Obrigada pelo envio, beijinhos, lola
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