sábado, 17 de setembro de 2011

BANDIDO

Ela tinha o hábito de sonhar.

A meio da noite, agarrava-se a ele e, em pleno sonho (ou pesadelo?), cravava-lhe as unhas, felizmente curtas, ou dava-lhe pontapés, ou batia-lhe, de punhos fechados, na cara, nas costas, onde calhasse. 

Ele era um mártir porque, como não a queria acordar - disseram-lhe que não se deve acordar quem está a ter um pesadelo, e ela agora tinha muitos - ia aguentando aqueles "maus tratos" noturnos.

Também havia noites em que ela sonhava doce e, nessas alturas, agarrava-se a ele, apertava-o contra si, e sorria, sonhando, de satisfação e de paz.

Ultimamente, porém, deu-lhe para falar durante os sonhos: com conversas descoordenadas, sem fio de meada, palavras soltas...

Mas, naquela noite foi demais! Além de lhe bater, de o arranhar e de lhe dar os pontapés, quase um costume, chamou-lhe nomes, praguejou e acabou, mesmo, por lhe gritar: BANDIDO!

Aí, ele não se conteve das ofensas com que ela o brindou, levantou-se, vestiu o roupão, foi para a sala e ligou a televisão. Ao lado, no sofá, estava ainda a caixa do DVD do filme que ela estivera a ver e cujo disco ainda estava no aparelho de vídeo.

Ficou mais descansado e voltou para a cama. Afinal aquilo não era nada contra ele!

"Ladrões e bandidos", era o nome do filme que ela estivera a ver e, de certeza, agora, a sonhar alto e ao vivo!

2 comentários:

Anónimo disse...

Que horror!! Essa mulher, ou será um homem?, é muito violenta. Seria uma maltesa? Mude de companhia depressa!

Beijos
Berta

Anónimo disse...

Um sonho estranho,mas quase a roçar no romântico...tipo "agri-doce"gostei!
Bj