Ela tinha o hábito de sonhar.
A meio da noite, agarrava-se a ele e, em pleno sonho (ou pesadelo?), cravava-lhe as unhas, felizmente curtas, ou dava-lhe pontapés, ou batia-lhe, de punhos fechados, na cara, nas costas, onde calhasse.
Ele era um mártir porque, como não a queria acordar - disseram-lhe que não se deve acordar quem está a ter um pesadelo, e ela agora tinha muitos - ia aguentando aqueles "maus tratos" noturnos.
Também havia noites em que ela sonhava doce e, nessas alturas, agarrava-se a ele, apertava-o contra si, e sorria, sonhando, de satisfação e de paz.
Ultimamente, porém, deu-lhe para falar durante os sonhos: com conversas descoordenadas, sem fio de meada, palavras soltas...
Mas, naquela noite foi demais! Além de lhe bater, de o arranhar e de lhe dar os pontapés, quase um costume, chamou-lhe nomes, praguejou e acabou, mesmo, por lhe gritar: BANDIDO!
Aí, ele não se conteve das ofensas com que ela o brindou, levantou-se, vestiu o roupão, foi para a sala e ligou a televisão. Ao lado, no sofá, estava ainda a caixa do DVD do filme que ela estivera a ver e cujo disco ainda estava no aparelho de vídeo.
Ficou mais descansado e voltou para a cama. Afinal aquilo não era nada contra ele!
"Ladrões e bandidos", era o nome do filme que ela estivera a ver e, de certeza, agora, a sonhar alto e ao vivo!
2 comentários:
Que horror!! Essa mulher, ou será um homem?, é muito violenta. Seria uma maltesa? Mude de companhia depressa!
Beijos
Berta
Um sonho estranho,mas quase a roçar no romântico...tipo "agri-doce"gostei!
Bj
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