Habituara-se a passar por ali, quase todos os dias.
Não era uma livraria muito grande, nem teria, talvez, os melhores títulos, mas era um local onde gostava de ir. Era um cliente habitual, comprava ali bastantes livros e tinha mesmo um cartão que lhe dava possibilidade de ir acumulando pontos. Quantos mais pontos tivesse, mais desconto teria na compra de novos livros.
Hoje deu com a porta fechada. As montras estavam semi-tapadas com folhas de papel branco e, na porta, um papel a anunciar o encerramento. A dizer mais ou menos isto: "Os trabalhadores lamentam ter de fechar a livraria mas como já não recebem o ordenado há mais de 3 meses, vêem-se obrigados a encerrar as instalações, pedindo desculpa aos habituais clientes".
É mais um espaço comercial que fecha, desta vez uma livraria de bairro, um local onde se fazia e vendia cultura.
A pouco e pouco o pequeno comércio vai fechando, a vida dos bairros começa a perder-se, a degradar-se, a desestruturar-se.
Só espera nunca chegar ver um cartaz à entrada de Portugal com os seguintes dizeres, em letras garrafais: "FECHADO".
1 comentário:
Estamos a assistir à morte de Portugal. E nem sequer é lenta!
Beijos
Berta
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