segunda-feira, 26 de setembro de 2011

A BANCA DOS MILAGRES

Entrou aflito, com grande dificuldade respiratória, a respiração era ofegante e muito ruidosa, e a fala entrecortada pela imensa dispneia.

Sentou-se, uma pausa de ambientação, Mozart a preencher o espaço daquele gabinete com um concerto de piano, um breve diálogo para um diagnóstico apropriado daquela dificuldade respiratória, daquela falta de ar, a auscultação e, a seguir, decidiu-se pela inalação de um medicamento de alívio.

Três acessos de tosse, um certo constrangimento na face, nova pausa, porque tudo precisa de tempo e, minutos passados, a sensação de alívio, o respirar mais profundo, a voz a soltar-se com facilidade, a conversa direita, sem cortes nem pausas, o peito a encher-se totalmente, o ar a sair, sem apitos, assobios ou obstáculos...

Esperou pelo preencher das receitas, ouviu as recomendações, agradeceu e saiu ligeiro, de passo firme, a sorrir.

Quando chegou à porta, já com um pé de fora do gabinete, vira-se para trás e diz admirado: "é verdade doutor, este seu consultório é uma verdadeira banca de milagres!"

1 comentário:

Anónimo disse...

Sabe se existem inaladores que aliviem a vida, a pressão da existência, a exigência de sentir? Passa-me uma receita quando voltar à consulta?
Beijos
Berta