Entrou aflito, com grande dificuldade respiratória, a respiração era ofegante e muito ruidosa, e a fala entrecortada pela imensa dispneia.
Sentou-se, uma pausa de ambientação, Mozart a preencher o espaço daquele gabinete com um concerto de piano, um breve diálogo para um diagnóstico apropriado daquela dificuldade respiratória, daquela falta de ar, a auscultação e, a seguir, decidiu-se pela inalação de um medicamento de alívio.
Três acessos de tosse, um certo constrangimento na face, nova pausa, porque tudo precisa de tempo e, minutos passados, a sensação de alívio, o respirar mais profundo, a voz a soltar-se com facilidade, a conversa direita, sem cortes nem pausas, o peito a encher-se totalmente, o ar a sair, sem apitos, assobios ou obstáculos...
Esperou pelo preencher das receitas, ouviu as recomendações, agradeceu e saiu ligeiro, de passo firme, a sorrir.
Quando chegou à porta, já com um pé de fora do gabinete, vira-se para trás e diz admirado: "é verdade doutor, este seu consultório é uma verdadeira banca de milagres!"
1 comentário:
Sabe se existem inaladores que aliviem a vida, a pressão da existência, a exigência de sentir? Passa-me uma receita quando voltar à consulta?
Beijos
Berta
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