terça-feira, 6 de setembro de 2011

POÉTICA

Com as lágrimas do tempo
E a cal do meu dia
Eu fiz o cimento
Da minha poesia.

E na perspectiva
Da vida futura
Ergui em carne viva
Sua arquitectura.

Não sei bem se é casa
Se é torre ou se é templo:
(Um templo sem Deus.)

Mas é grande e clara
Pertence ao seu tempo
- Entrai, irmãos meus!


Rio, 1960

Vinícius de Moraes

1 comentário:

Anónimo disse...

Poesia. É o que fica depois de tudo.

Beijos
Berta