segunda-feira, 6 de setembro de 2010

A GRAFONOLA

É um toca discos, daqueles antigos, com manivela para dar corda ao mecanismo.
Abrem-se as portas da caixa para que o som possa sair, coloca-se um disco, daqueles pesados, de ebonite, sobre o prato metálico, destrava-se o mesmo que começa a girar, rápido, e coloca-se na borda exterior do disco o braço, pesado, com agulha de diamante e a música começa a fluir.

 
Nada da super qualidade que as aparelhagens sonoras agora apresentam. Aqui ouve-se uma música roufenha, com imenso ruído de fundo, sem possibilidade de regular os graves e os agudos, o timbre do som, o volume, nada!, excepto um regulador da velocidade do prato: entre o "plus vite" e o "moins vite", permitindo afinar o som que sai, desde o mais rouco, cavo e lento, quando se põe no "moins vite", à voz mais estridente, aguda e rápida, quando se coloca o estilete no "plus vite".

A marca é Pathé, a que dominava na altura; estamos nos anos de 1910 a 1920, o que quer dizer que esta grafonola vai a caminho dos cem anos...

Mas está como nova! A caixa de madeira, de cerejeira, está bem tratada, encerada, o mecanismo, bem lubrificado, funciona na perfeição  A agulha de diamante não se gasta e discos há muitos, principalmente óperas e árias das mesmas.

Sabe bem, de tempos a tempos, escutar as mesmas músicas e da mesma maneira que os nossos avós, e sentir que a vida não é só o presente e a preocupação do amanhã. Também é bom ter a noção que a vida é feita de memórias, boas e más, de recordações e de vivências transmitidas ou experimentadas por quem nos legou a vida, quem nos forneceu os genes e fizeram a pessoa que cada um é!


Há dias em que me apetece dar corda à manivela o tempo todo...

1 comentário:

MJ FALCÃO disse...

Será que ainda recebe estes comentários? Estava a falar de um Natal em casa das tias da minha mãe e lembrei-me de procurar uma grafonola (o meu avô levava sempre a grafonola dele) e encontrei o seu blogue....
Bom Natal! Espero vê-lo para o ano 2015 logo no início...