sexta-feira, 3 de setembro de 2010

CREPÚSCULO

Ficou assim, suspenso nas palavras, parado nos movimentos, quieto nos pensares. Imóvel, como uma estátua.

Tal como o fim da tarde que, entretanto, acontecia, com o sol  a despedir-se do dia, a esconder-se para lá do horizonte, no mesmo momento em que as aves se aquietavam, as folhas  deixaram de se mexer e os barulhos se silenciaram.


Dura pouco tempo, esse momento em que a natureza suspira fundo, se aconchega e se enrola na manta do crepúsculo.

Depois do tal instante, do tal momento, tudo volta, tudo recomeça, tudo continua: a palavra que tinha ficado suspensa saiu da boca, os movimentos voltaram a ter animação e o pensamento retomou o seu rumo.

Como se fosse num filme em que a imagem pára,  o fotograma imobiliza e, depois, tudo recomeça.

Nem sempre isto acontecia, esta comunhão com a natureza, este momento de magia...


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