Dó, Ré, Mi, e por aí fora... mais os bemóis e os sustenidos.
Sabia mexer bem nas teclas, aprendera durante vários anos, no Conservatório e com mestres de piano, diziam que tinha queda para a música, mas nunca se interessou em se tornar um artista.
Que se lembre nunca vestiu uma casaca ou colocou laço para actuar em cima de um palco. Deu alguns concertos, é verdade, mas em concursos e festivais de juventude, sem grandes preocupações de guarda-roupa. Exigência, sim, mas no modo como tocava, como preparava as peças e os textos que ia interpretar.
Gostava de tocar, de passar horas sentado diante daquele rectângulo comprido de teclas brancas e pretas a passear as mãos, a saltitar os dedos, a fazer sair pedaços de sons melodiosos, românticos umas vezes, dramáticos outras, mas sempre feitos de paixão. O Jazz, então, fascinava-o e sabia, de cor, quase todas as peças para piano dos mais famosos intérpretes.
Dedicou-se a outras áreas profissionais, a outras artes, por necessidade e por paixão, também, mas nunca abandonou o piano. Conseguiu conciliar as duas artes de tal modo que, como siamesas, não conseguem, agora, passar uma sem a outra.
E sempre que está de escala ao serviço, nos momentos em que o trabalho acalma, pega na escala do piano e toca, toca as escalas, sem sons, imaginando-os a soltarem-se silenciosamente no ar ao mesmo tempo que se sente envolvido por essa onda muda mas intensamente musical.
Dó, mi, sol, fá, sol, fá, sol...
1 comentário:
Podia ser o Dr. House!!
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