Para que servem as rotinas?
Para ciclizar a nossa vida?
Para habituar o nosso viver a uma constância de atitudes?
Ou será que existem para serem quebradas?
É uma expressão muito usual, essa a de "quebrar a rotina". Isto deve querer significar que a rotina é uma coisa frágil, delicada, pois se ela se quebra com tanta facilidade!
Mas o quebrar da rotina pode ter várias formas: pode ser uma rotina consistente, que está entranhada no nosso modo de viver, como o acordar, o tomar banho, o fazer a barba, que não se quebra com facilidade, mas que uma vez por outra pode ser amolgada, quando decidimos não fazer a barba naquela manhã, ou nos deixamos a espreguiçar na cama por mais uns tempos - então, aqui, não quebramos, mas amolgamos a rotina;
uma outra rotina é a que é feita dos sítios que habitualmente, ou rotineiramente, para melhor enfatizar o termo, frequentamos, como o local da bica ou do almoço, os pontos de encontro com os amigos, o supermercado onde fazemos as compras, e esta pode ser, também, não quebrada mas desviada temporariamente para outros locais, estilo agulha do caminho de ferro, em que mantemos o mesmo rumo, mas por outras vias, pois, mais tarde ou mais cedo, tornamos aos mesmos locais - também aqui, não quebramos, nem amolgamos, mas podemos dizer que desviamos a rotina;
já uma mudança de residência, uma mudança de profissão, uma mudança de vida, podem ser mais assumidas e interpretadas com o tal quebrar da rotina e este quebrar pode ter vários graus: desde o rachar, ao estilhaçar, ao pulverizar.
E quando estilhaçamos ou pulverizamos a rotina, não vale a pena tentar unir os pedacinhos nem arranjar cola para os consolidar. Uma vassoura e uma pá, ou um bom aspirador, solucionam o problema. É que, quando se tenta colar, remendar ou remediar, no fim, vão-se sempre encontrar imperfeições, asperezas, conflitos...
Eu cá não tenho espírito de arqueólogo, não gosto de andar a juntar os pedacinhos da vida.
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