Acordou com o sabor na ideia e passou o resto do dia a pensar no chocolate que tinha comprado na véspera.
Um chocolate preto com amêndoas crocantes. Cento e cinquenta gramas a prometerem sabor, muitos gramas e muitos quadradinhos para degustar com tempo; pedacinhos que iria deixar derreter lentamente na boca, saturando as papilas gustativas daquele sabor forte, untuoso e amargo, ao mesmo tempo que iria mordiscando os bocados de amêndoa tostada e caramelizada, dispersos pelo seu interior, para contrabalançar a adstringência final.
A embalagem de papel vermelho escuro, apelativo, convidava a um consumo imediato mas preferiu guardá-lo para mais tarde. Para quando, sentado no sofá, acabando a leitura de "Os Imperfeccionistas", e acompanhado por Mozart e pelo copo de malte da Macallan, o pudesse saborear nas condições ideais.
Deixou-se ir atrás da leitura, do piano da Maria João Pires, do "single malt" e dos quadradinhos negros.
Só se levantou quando acabou a leitura do livro, quando o piano se calou, quando o fundo do copo ficou vazio, quando o papel vermelho e a prata deixaram de servir de capa ao chocolate que já não havia...
2 comentários:
Quantas vezes o chocolate "desaparece" enquanto se lê um livro...
Tabeletes inteiras, eheheheh não devia dizer isto ehehehe
Beijo
Como eu adoro chocolate! Chocolate, um bom livro e uma cama branca e estou no céu...
Beijos
Berta
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