Estava ali, bem fixado, na parede caiada de branco daquele prédio duma rua estreita.
Era o único. Também a rua, além de estreita, era pequena em comprimento e acabava, logo adiante, no muro alto da muralha. Não dava para ter, mesmo, outro candeeiro de parede. Mas tinha um nome pomposo, aquela rua: rua do Coronel Joanes de Acevedo, militar andaluz que ajudou na defesa daquela praça-forte.
E cada dia, assim que o sol começava a desaparecer no horizonte, assim que o dia passava da luz ao lusco-fusco, a lâmpada, no seu interior, acendia-se e passava a emitir uma luz branca e forte que iluminava tudo ao seu redor.
E a rua, de noite, ficava como se fosse dia, cheia de luz, por vezes em demasia, mas sem grande utilidade pois a rua, estava sempre vazia. Só os insectos, à volta da luz, naquele girar constante, davam alguma animação, davam alguma vida àquela rua adormecida.
(foto do autor) |
E o pobre do lampião, no seu esplendor de luz, quase que para nada servia.
A verdade é que, só durante o dia, quando o sol por detrás dele se escondia, quando a luz do sol com a da lâmpada se confundia, é que ele resplandecia, é que ele chamava a atenção de todos, só nessa altura é que se viam as pessoas a olhar para ele, de câmara em punho, a tirar-lhe uma fotografia...
2 comentários:
Contrastes e desacertos. Às vezes, são eles que fazem a vida.
Beijinhos e bom fim-de-semana
Berta
E que pomposo será esse momento por si aqui retratado.
Ele, o lampião, enaltece um pouco mais a sua posição, deixaa luz reflectir com mais intensidade e são essas recordações (do momento em que todos reparam nele) que lhe confortam a noite solitária.
Gostei!
Abraço!
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