segunda-feira, 28 de novembro de 2011

ATLÂNTICO

"Mar,
Metade da minha alma é feita de maresia."

(Sophia de Mello Breyner Andresen - Atlântico - Obra Poética).


Passara muitas vezes por aquela porta, a porta que lhe dava acesso ao mar, ao mar que ele tanto gostava, tanto gostava e tanto amava...

O mar onde tantas vezes se banhara, onde, vezes sem conta, mergulhara saltando da rocha lisa que servia de acesso à água.

O mar que era a fonte dos seus sonhos, das aventuras imaginadas, da sua poesia, das canções que apenas cantava para si, o mesmo mar das lágrimas salgadas, o mesmo mar de Sophia, o mesmo mar do canal e  do mau tempo...

(Ilha Terceira - Açores)

Mas agora já lhe custava descer as escadas de acesso e, muito mais, caminhar por sobre as pedras e as rochas cobertas de musgo e limo. Era fácil escorregar naquele piso quase sem atrito, como lubrificado de óleos de essências marinhas...

Por isso preferia ficar por ali, sentado numa cadeira, à entrada daquela abertura que já tivera uma porta, a olhar o mar, o seu atlântico, a cheirar a maresia, a olhar o sul para lá do horizonte, a despedir-se, solitário, como sempre quis que assim fosse...



2 comentários:

Anónimo disse...

Ah! O Mar...

Beijinhos
Berta

Carlota Pires Dacosta disse...

O mar!
Tanto pode ser o abraço que nos acarinha, com o mais terrível dos abraços.
Gosto muito do mar, ficar sentada na areia a contemplá-lo... pena estar tão longe

Beijo
Carlota Pires Dacosta