Quieto, tão quieto que nem parecia um pássaro no cimo daquele varão de ferro espetado no meio de nada.
Serviria de poiso, ou de posto de observação?
A verdade é que raramente estava desocupado. No seu trajecto de aproximação, numa campina de chão de areia, quase estéril, rodeada de vegetação, com aquele ferro ali espetado, foi notando que, sempre que um pássaro abandonava aquele pedestal, passado pouco tempo vinha outro, que poisava, sacudia as asas, olhava em várias direcções, quase saltitava, e logo partia... Mas este não! Há já bastante tempo que ali estava, quieto. Viu-o chegar, viu-o repetir os mesmos gestos dos outros e depois, quando estava à espera do impulso e do bater de asas, deixou-se ficar, quase imóvel, como que petrificado.
Um solitário!
Serviria de poiso, ou de posto de observação?
A verdade é que raramente estava desocupado. No seu trajecto de aproximação, numa campina de chão de areia, quase estéril, rodeada de vegetação, com aquele ferro ali espetado, foi notando que, sempre que um pássaro abandonava aquele pedestal, passado pouco tempo vinha outro, que poisava, sacudia as asas, olhava em várias direcções, quase saltitava, e logo partia... Mas este não! Há já bastante tempo que ali estava, quieto. Viu-o chegar, viu-o repetir os mesmos gestos dos outros e depois, quando estava à espera do impulso e do bater de asas, deixou-se ficar, quase imóvel, como que petrificado.
Um solitário!
De que pássaro se trataria? Seria um pardal? Um verdilhão? Uma toutinegra? Não era, de modo algum, perito em aves. Mas também não tão ignorante como ir ao cúmulo de classificar as aves nas categorias de: pássaros, passarinhos, passarões, aves de capoeira e cucos.
E veio-lhe à lembrança aquela história-anedota, passada num exame, em que o professor de Biologia, acentuadamente estrábico, pergunta ao aluno a classificação das aves, e este lhe respondeu da forma acima, e o professor, perante aquela resposta tão disparatada, diz ao aluno, inquirindo: "E um chumbinho para matar aquela passarada toda"? Ao que o aluno respondeu: "E um olhinho vesgo para falhar a pontaria"?
(PARQUE DOÑANA - ESPANHA - OUTUBRO DE 2010) |
Não sabe se o pássaro "ouviu" o que lhe ia no pensamento, certamente que não, mas a verdade é que ao aproximar-se mais um pouco, ao quedar-se para a fotografia apetecida, no momento do disparo, o "clic" da câmara mais pareceu um tiro de partida para um voo determinado, como a fugir de um chumbinho imaginário.
Só que, desta vez, o fotógrafo foi mais rápido.
Só que, desta vez, o fotógrafo foi mais rápido.
2 comentários:
Também gosto desta (fotografia). Dos textos gosto sempre.
A natureza, o momento, a magia do instante. A cumplicidade com a natureza!
Beijos
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