A noite tinha sido bem chuvada, tinha-a ouvido a cair forte, a bater nos vidros da janela do quarto, a acordá-lo no seu sono leve.
Mas a chuva deve ter-se esgotado ao amanhecer. É que o dia acordou cheio de sol, de chão molhado e lavado, de cheiro fresco e brisa suave. Parecia que uma daquelas senhoras da limpeza, tinha passado a esfregona na alvorada com um desses detergente que cheiram a primavera.
Quis aproveitar aquele abrir de portas de um dia luminoso e foi à procura do mar.
Estava-se bem na esplanada, protegida dos ventos e humidades por vidraças enormes que lhe permitiam ver o mar, os barcos a passar no rio, a ponte ao longe e o Cristo-Rei na outra margem.
Tinha levado o jornal e um livro pois não sabia quanto tempo iria ficar ali. A manhã apetecia, o sol iluminava e aquecia os corpos e ele não tinha mesmo nada que fazer.
Pediu uma tisana de verbena e lima, uma torrada, um copo de água e ali ficou. A torrada, bem tostada, deixou migalhas tentadoras em cima da mesa.
Não tardou muito tempo a aproximar-se, a experimentar o terreno. Primeiro um voo de reconhecimento, depois um poisar no encosto da cadeira da mesa ao lado, novo voo, um chilrear e, agora, poisou na cadeira em frente, a testar a reacção... sabia que ninguém lhe ia fazer mal, estava habituado a estes petiscos, às migalhas, porque ali, só mesmo migalhas ou, então, sementes, daquelas que cobrem os pães de mistura.
Olhou à volta e viu que não era só ele, notou que havia mais pássaros, cada um, aparentemente, com o seu território. Apercebeu-se que se um pássaro se aproximava de outro, este vinha logo defender o seu lugar, a sua área. Lembrou-lhe os moedinhas de estacionamento, cada um na sua área e com agressões verbais ou empurrões quando aparece outro na zona. a roubar-lhe um lugar e uma moedinha, quase certa.
Ambos à procura das migalhas dos outros.
Deu um salto de uma cadeira para outra, agora mais perto, apenas a um pulo da mesa e, sempre de olho atento, começou a debicar as migalhas que se encontravam no tampo preto da mesa.
Um gesto para esboroar um pouco mais da torrada para lhe fazer mais migalhas e, de novo, um voo para longe, mais um pouso na cadeira e um regressar à mesa.
Por ali esteve até limpar tudo. Olhou para ele, quieto, uns dois segundos e partiu.
Foi para outra mesa, refastelar-se... encher-se de migalhas, agora de scones que aquele casal, ali ao lado, estava a comer, acompanhados de um chocolate quente, a fumegar!
Ambos à procura das migalhas dos outros.
Deu um salto de uma cadeira para outra, agora mais perto, apenas a um pulo da mesa e, sempre de olho atento, começou a debicar as migalhas que se encontravam no tampo preto da mesa.
(Krugger park - África do Sul - 2006) |
Um gesto para esboroar um pouco mais da torrada para lhe fazer mais migalhas e, de novo, um voo para longe, mais um pouso na cadeira e um regressar à mesa.
Por ali esteve até limpar tudo. Olhou para ele, quieto, uns dois segundos e partiu.
Foi para outra mesa, refastelar-se... encher-se de migalhas, agora de scones que aquele casal, ali ao lado, estava a comer, acompanhados de um chocolate quente, a fumegar!
1 comentário:
São bons os momentos em que se pode, calmamente, observar o voo dos pardais gulosos.
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