segunda-feira, 14 de março de 2011

GLOBO TERRESTRE

Ofereceram-lhe um globo terrestre, diferente dos que habitualmente se vêem por aí porque, em vez de ser todo cheio de cores, com os oceanos e mares pintados de azul e cada país com sua cor, este parece ser de alumínio, e com os limites dos continentes e dos países gravados no próprio metal, assim como os nomes respectivos.

Quase do tamanho de uma bola de futebol, pesado, a revelar a sua consistência maciça, e pronto a girar ao menor impulso. 




Ficava bem, ali, em cima da secretária, ao alcance da mão e do olhar, pronto a relembrar uma geografia que foi esquecendo e a localizar os acontecimentos que vão surgindo por todo o mundo: as revoltas na Líbia e restante norte de África, os problemas na Somália, as guerras e conflitos armados no Irão, Afeganistão, no Iraque, no Cazaquistão, os atentados nas Filipinas, as inundações na Austrália e na América Central e do Sul, a delapidação da floresta amazónica, a nuvem negra do vulcão da Islândia, os terramotos no Chile e Perú e, agora, o do Japão, os tsunamis que surgem pelo Índico e Pacífico e que destroem cidades inteiras, a nuvem invisível de radiação das centrais nucleares japonesas, a lembrar Chernobyl, mas também a abertura de um novo Canal no Panamá, o aparecimento de baleias azuis nos mares dos Açores, o nevão no Pico do Areeiro, na ilha da Madeira, as flores a cobrirem os campos do Alentejo...

Um mundo que está sempre a girar em torno de si próprio, do seu eixo imaginário, e que teima em manter-se na sua órbita em torno do sol, indiferente às guerras, aos conflitos, aos atentados que os seus habitantes promovem, mas a sofrer com as agressões ao seu meio ambiente, a aquecer lentamente e a deixar derreter os gelos dos pólos, como que a fazer um aviso prévio de que as coisas não estão bem...

Quantas vezes não lhe apeteceu pegar naquele mundo ali à sua mão, passar-lhe a esponja, limpar o sujo, acabar as guerras, os ódios, as ganâncias, soprar os mal estares...   

2 comentários:

Anónimo disse...

Globo... Tão sem sentido!

Anónimo disse...

as flores a cobrirem os campos do Alentejo...fazem todo o sentido...