Desmarcou a reunião que tinha a meio da tarde, e foi ao cinema.
Um filme comovente, uma história musical, Tchaikovskyana, passada numa Moscovo de há 30 anos, ainda fortemente marcada pela influência comunista, um convite vindo de Paris para uma única exibição da orquestra do Bolshoi no teatro de Châtelet, um telemóvel que toca no meio dos ensaios e o fax do convite a ser interceptado pelo antigo Maestro da orquestra, Andrei Simoniovich Filipov, demitido pelo regime e colocado na limpeza do teatro e do gabinete do director.
Uma espécie de vingança, uma resposta a confirmar a ida a Paris, e a reconstituição da orquestra original feita à pressa pelos antigos executantes deportados ou despedidos pelos acólitos de Brejnev e, também, por uma jovem e exímia solista, Anne-Marie Jacquet, nascida em Moscovo e levada para Paris, ainda bebé, para fugir às garras daquele regime opressivo.
Termina em apoteose, com um concerto para violino de Tchaikvosky que vale pelo filme todo.
Sai do circuito comercial depois de amanhã.
Vale por tudo, pelo recordar o que era um regime comunista, pelas cenas comoventes do reencontro de antigos companheiros de música (não lhes chamo camaradas porque não o eram e por isso foram despedidos e deportados), pelas histórias de cada um, pelo fascínio e aventuras em Paris, pela chegada ao teatro, pela violinista-solista, pela interpretação, pela música.
Vale, também, pela harmonia que a música nos traz...
http://www.youtube.com/watch?v=OTUfpkIq3cI
2 comentários:
Há sinfonias que marcam uma vida. E há vidas que são sinfonias. Coisas.
Reservado pelos compositores às suas criações orquestrais de maior dimensão e profundidade.
Enviar um comentário