terça-feira, 19 de abril de 2011

A GRADE

Quando comprou a casa já lá estava!

No meio daquele muro de pedra, uma janela rasgada, sem vidros, sem portadas, mas com uma grade de ferro, bem sólida e bem fixada.

Para lá da janela, um pequeno pátio e, depois, mais nada, só uma paisagem, sem fim, a perder-se na linha do horizonte.

O tempo foi deixando que a vegetação invadisse e ocultasse parte da quadrícula desenhada por aquelas varas de ferro.

Nunca lhe quis mexer, deixou que aquelas plantas, umas vezes cheias do verde das folhas, outras prenhes de flores brancas, miúdas, constituíssem uma moldura, como um cortinado,  que amenizava a rigidez da geometria que lhe aprisionava o debruçar.


(Monsaraz - 2006)

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