sábado, 29 de janeiro de 2011

TEMPORAL

Soube bem assistir à tempestade; da janela via o castelo ao longe, a igreja do outro lado e o céu negro, preto mesmo, com a chuva a cântaros, o vento e as rajadas a turvarem a visão, e a trovoada, os raios e os trovões a imporem um misto de temor, de respeito e de impotência.

Naquele dia, de pausa de vida, de tranquilidade interior, de descanso intelectual, aquela tempestade apareceu-lhe como um espaço/momento propício para fazer uma catarse das suas vivências, uma reflexão de momentos de vida e uma perspectivação de futuro.

O dia tinha acordado frio e ventoso, um dia de um inverno, de um Janeiro típico; lá ao longe as nuvens acastelavam-se em amontoados pretos, de volume assustador, rápidas na junção, ameaçadoras, com cordas negras que as ligavam ao chão. A chuva grossa ia enchendo as ruas de riachos de água, ensopava a terra, molhava o dia e escorria em lágrimas grossas  pelos vidros daquela janela enorme.

Arrefecera bruscamente e apetecia um casaco de malha grossa e uma bebida quente no bar do hotel. As paredes e portadas de vidro que davam para o jardim deixavam assistir ao espectáculo do temporal e ali, sentado no isolamento dos seus pensares, deixava a mente divagar sobre a vida, questionar-se sobre o futuro, encontrar momentos de paz, de tranquilidade, quase de prazer.

O chá verde com menta, acompanhou-o na vivência daqueles momentos... 

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