Tinha-o levado na viagem.
Sem nada escrito, com as folhas todas em branco, sem quadrículas ou pautas.
Assim podia escrever a direito, em diagonal ou na vertical, podia fazer desenhos, anotar indicações ou trajectos... o que quisesse.
Logo no primeiro dia, já sentado na cama, começou a escrever o seu diário de bordo, o percurso seguido, os locais onde parou para comer, as zonas com vistas bonitas, os percursos que fez a pé, os pratos típicos, os queijos e os vinhos da região. Era um amante de queijos e não perdia uma prova nos diferentes locais onde houvesse uma degustação. E ia anotando tudo: os queijos de vaca, os de ovelha, os de cabra, os de gosto forte, os de cheiro mais intenso, os de massa fina e branca, os mais granulosos, os com bolores, etc... um mundo de queijos em locais onde a variedade abundava, onde cada terra tinha o seu tipo de queijo.
Ainda lhe deu para fazer um desenho da paisagem avistada da janela do quarto. O rio quase a seus pés, a montanha gigantesca à sua frente, a subir suavemente de início, mas a verticalizar-se à medida que o olhar ia alcançando o caminho do céu, que começava a cobrir-se de nuvens. As luzes das casas a pontilharem a paisagem feita de pastos, separados por cercas naturais.
As fotografias que fora tirando eram, agora, anotadas no livro para, assim, as poder referenciar mais tarde.
E assim foi fazendo, diariamente, na hora de deitar, anotando e escrevendo tudo o que tinha achado interessante.
Quando chegou ao fim da viagem viu que tinha o livro quase todo escrito, com muitas anotações e alguns desenhos.
Vai deixá-lo assim, a recordar uma boa viagem, percursos deslumbrantes, lugares que nunca visitara, meio rascunhado, com rabiscos e desenhos toscos, com aspecto de inacabado...
É que uma viagem tem sempre um começo, mas nunca se sabe quando acaba!
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