Que a passagem do animal, que fica lembrada no chão.
A ave passa e esquece, e assim deve ser.
O animal, onde já não está e por isso de nada serve,
Mostra que já esteve, o que não serve para nada.
A recordação é uma traição à Natureza,
Porque a Natureza de ontem não é Natureza.
O que foi não é nada, e lembrar não é ver.
Passa, ave, passa e ensina-me a passar!
![](http://4.bp.blogspot.com/-J4Dnawjg6a8/T2LPHO-UXKI/AAAAAAAAFHE/xJJ4UK6Q15M/s400/ave_a_voar.jpg)
Alberto Caeiro - O guardador de rebanhos (XLIII)
.
1 comentário:
Deve ser bom não ter meória. Vivemos tantas vezes presos a passados magoados.
Beijos
Berta
Enviar um comentário