Nostalgia dos Natais quando era pequeno, quando ia para os frios da Beira Alta.
Nostalgia das casas grandes dos avós, frias, mas cheias de calor da família.
Nostalgia da Missa do Galo, da igreja gelada, dos cachecóis a tapar a cara, das luvas de lã, a esconderem as frieiras dos dedos, dos gorros enfiados na cabeça até aos olhos.
Nostalgia do chegar a casa, cheios de frio, do sentar à mesa para a ceia quente, da abertura das prendas à volta da lareira.
Nostalgia da hora de ir deitar, do quarto frio, do caramelo de gelo no interior dos vidros da janela, da cama gelada, da botija de lata envolta numa camisa de flanela, do entrar na cama, devagarinho, rolando a botija à frente dos pés.
Nostalgia do quase não adormecer porque o mexer na cama causava despertares frios de lençóis gelados, do quase não sentir a ponta do nariz e as orelhas, de tão frios...
Agora tudo mudou, as casas não são tão grandes, são mais aquecidas, os quartos já não têm o frio de antigamente, mas sobretudo, agora, as camas têm um edredão... daqueles fofos e bem tufados... prontos a aquecerem o corpo, a confortarem o coração, a darem um adormecer tranquilo, a garantir um dormir sossegado.
O Natal, agora, passa-se melhor, com mais conforto, com mais calor, mas não deixa esquecer, nunca, o Natal da infância, o intenso frio beirão mas, sobretudo, o imenso calor do coração dos meus avós.
(Casa dos avós - Mangualde - Foto de Agnelo Figueiredo) |
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