Conhecera Emília no Sítio; entrara ali por acaso... ia a passar e viu a indicação: SÍTIO DO PICAPAU AMARELO...
Acuriosou-se, entrou, e deu de caras com a Dona Benta Encerrabodes de Oliveira, a dona do Sítio. Simpática e carinhosa esta dona do Sítio, avó do Pedrinho e de Narizinho e uma boa contadora de histórias... foi assim que se apresentou.
Convidou-o a entrar, pela porta da cozinha, onde a Tia Nastácia, a cozinheira, estava preparando uns bolinhos para o pessoal do Sítio... deu um a provar, ainda quente e envolto em açúcar amarelo, a desfazer-se na boca... com sabor de canela...
Assustadiça, esta Tia Nastácia... com medo de tudo o que não conhece... sempre a benzer-se no seu "Credo! Esconjuro! O mundo está perdido!".
Fora ela, com os trapos velhos e coloridos da uma saia antiga e gasta, que fizera a Emília... a criara pelas suas mãos... esta boneca de trapos tinha o condão de ser falante, divertida, irreverente, com seus olhinhos de retrós de linha preta... olhinhos esses que lhe permitem enxergar mais longe e melhor que as outras pessoas... olhinhos esses que viam coisas que os outros não viam...
E possuidora, também, de um poder muito especial... o do "Faz de Conta"... capaz de mudar a realidade das coisas que estão acontecendo...
Foi a Tia Nastácia que a apresentou a ele...
Com olhar divertido sentou-se diante dele...botou-lhe um nome "Seu Simpático" e começou a balançar-se... para trás e para a frente... a sorrir... e, de repente, como num passe de magia... ei-la, a mudar a realidade do momento... ei-la a balançar-se num balancé suspenso por duas cordas brancas, vindas do alto do céu do Sítio... o Picapau a transformar-se em flor... amarela... a querer fugir da trepadeira da parede azul... e ela a avistar coisas do modo que só ela via... no seu mundo de realidade e fantasia... no seu Sítio... onde tinha um Picapau... amarelo!
(Pelourinho - Salvador, em dia de Carnaval - Fevereiro de 2007).
Sem comentários:
Enviar um comentário