da inspiração nos leva como se
fôssemos folha de árvore pelo ar
ou se dentro de nós ele soprasse?..."
Armando Pinheiro - O desenho, in Sílabas Comuns, 2003.
E, desta vez, o vento apareceu de repente!
Veio do Norte, sem avisos, inesperado, a levantar folhas do chão, poeira dos campos secos, a sacudir árvores com violência, a assobiar nas frinchas das janelas e das portas. Um vento forte, constante, com momentos de rugires e uivares inquietantes. Mas não veio só, este vento de Janeiro!
Trouxe com ele uma legião de nuvens negras, amontoadas, enroladas, prenunciadoras de chuva, de temporal, de trovoada ou de granizo. E trouxe, também, um frio gélido, cortante e penetrante. Um frio incómodo e irritante.
As nuvens, enquanto por aqui estiveram, andaram a rodear a serra em tom de ameaça, largaram duas ou três gotas tímidas e geladas e, depois, rumaram para sul, apressadas, sacudidas pelo vento que não quis partir com elas.
E ficou o vento, ficou o frio e um céu límpido, de sol brilhante mas sem calor, a deixar que o fim de tarde luminoso perdesse a cor do rosa do poente, e uma noite que, agora, mostra um luar tímido, num céu estreladamente cintilante... uma noite gélida de Janeiro!
3 comentários:
Por aqui o vento também fez passagem, água nem vê-la.
O frio gélido de Inverno, esse sim, tem marcado presença nos últimos dias e noites.
beijo
Puro lirismo! Lindo! Obrigada pelo envio. Beijinhos, lola
O vento também traz mudança, varre os medos, pode ser companhia. Gosto de ouvir o vento quando estou quente, protegida no calor da família!
Beijos
Berta
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