segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

BOLAS DE SABÃO

 
"As bolas de sabão que esta criança
Se entretém a largar de uma palhinha
São translucidamente uma filosofia toda.
Claras, inúteis e passageiras como a Natureza,
Amigas dos olhos como as cousas,
São aquilo que são
Com uma precisão redondinha e aérea,
E ninguém, nem mesmo a criança que as deixa,
Pretende que elas são mais do que parecem ser.
Algumas mal se vêem no ar lúcido.
São como a brisa que passa e mal toca nas flores
E que só sabemos que passa
Porque qualquer cousa se aligeira em nós
E aceita tudo mais nitidamente
.
"

 Alberto Caeiro in O guardador de rebanhos


Parece que, desta vez, não preciso de dizer mais nada porque está tudo dito!





2 comentários:

Anónimo disse...

É sempre fascinante e completo, o Poeta!!

Beijos
Berta

Anónimo disse...

"Bolas"podia ter dito mais qualquer coisinha...ahahahhaha
Beijo;)