sexta-feira, 28 de outubro de 2011

O CRAYON

Não tinha muito tempo para desenhar mas estava quase sempre a fazê-lo. Bastava-lhe um papel, um lápis ou uma caneta e lá estava ele a rabiscar, a riscar, a tentar dar forma ao que lhe ia saindo da ponta dos dedos.

A maior parte dos "bonecos" deitava fora, ou então ficavam na toalha de papel da mesa do almoço, ou no guardanapo amarrotado que largava no fim da refeição, ou, ainda, no canto do jornal que, depois de lido, deixava em cima de um banco ou colocava directamente no cesto dos papéis.

Mas, quando tinha tempo, quando tinha ambiente, quando sentia necessidade, pegava no bloco de papel "Canson", ia buscar o crayon de carvão e começava nos seus riscares, no saltitar do carvão de um lado para o outro do papel, a procurar formas, a imaginar as figuras que emergiam daquele caos de riscos, de ponteados, de sombras...

Nunca levava ideia do que iria desenhar e depois, no meio do desenho, sem saber como, lá aparecia um tigre, ou uma floresta, ou o campanário de uma igreja... 

(desenho original)


Outras vezes pensava desenhar um cavalo e, quando olhava o desenho, o que lá estava era um cardo, ou um pássaro ou uma paisagem do alto Douro...

Era assim o seu crayon, cheio de magia, de imaginação, voluntarioso... os dedos, a mão, apenas lhe serviam de suporte para a sua inspiração, os seus devaneios, as suas loucuras...

2 comentários:

Anónimo disse...

Uma delícia de texto e desenho. Beijinhos, lola

Anónimo disse...

Adorava desenhar assim,se vir o autor do mesmo,diga-lhe,que lhe mando um Beijinho,de parabens,claro...:))))))