quinta-feira, 27 de outubro de 2011

A BRANCA

De repente deu-lhe uma branca!

Todos os dias escrevia aquele nome, várias vezes ao dia!

Mas, naquele momento, quando o ia para escrever deu-lhe a branca. Estava a ver como era, a cor, o formato, a consistência, mas o raça do nome não lhe saía.

Pensou um bocado, levantou-se e foi dar uma volta, tornou a sentar-se, levantou-se de novo, foi beber um copo com água, tornou a sentar-se, mas nada! Não lhe vinha o nome.

Tentou associá-lo a outras coisas, poderia ser que lhe viesse à ideia, mas nada! Foi ao dicionário tentar, ao folheá-lo, que lhe aparecesse a ideia, que voltasse o nome. "Rien de rien..."

Já estava a ficar incomodado, a sentir-se frustrado, a irritar-se consigo próprio, com a sua cabeça.

Dizem que, à medida que se vai envelhecendo, a memória de factos recentes vai desaparecendo à frente da dos factos mais antigos, que se guarda muito bem a memória da infância e que se esquecem as coisas de agora, mas não era a questão: tratava-se de um nome velho, antigo, de um nome do seu dia a dia, só que, com esta branca, pura e simplesmente esqueceu e, de momento, já não é capaz de associar a nada e já nem sabe a que é que se está a referir, nem em que contexto.

Será que está a ficar com o maldito Alzheimer, ou terá sido daquele vinho maravilhoso que bebeu ao jantar que lhe fez esquecer o tal nome que não era para esquecer?

Deve ter sido isso, não lhe deu branca nenhuma... deu-lhe, antes, uma tinta, uma tinta bem escura, da cor daquele vinho tinto que bebeu à vontade e sem qualquer restrição na comemoração de mais um aniversário da sua vida.

Ainda bem que não lhe deu a branca!


1 comentário:

Anónimo disse...

Uma branca tinta?! antes isso do que Alzheimer...

Beijos
Berta