Gastou um pacote naquele pedaço de tempo.
Entre o choro e o nariz a escorrer quase não havia intervalo.
Um choro a parecer chuva grossa, com os olhos bem vermelhos, e um escorrer de nariz, como cascata, numa misturada de espirros e fungadelas, e os lenços eram uns atrás dos outros...
Tinha dias...
Ora se sentia bem disposta e a sorrir para a vida, como se nada fosse, ora acordava assim, chorosa, espirrenta e a correr do nariz.
De cada vez que isto acontecia, tomava o comprimido, aplicava o inalador do nariz e, ao fim de um dia ou dois, tudo melhorava...
O pior era quando se esquecia de comprar os medicamentos, ou quando tinha pressa e saía a correr de casa sem ter tempo para nada e, depois, era a cena do costume.
Mas também tinha dias em que o choro e as fungadelas não desapareciam com os remédios, dias em que vinham de dentro da alma, quando o coração doía, quando a dor da vida sufocava...
Nessas alturas nada lhe parava os choros, nada acabava com as fungadelas restavam-lhe, apenas, os lenços de papel...
1 comentário:
Chorar também lava a alma, dizem. Comigo não resulta! Choro, demais, e em vez de alma limpa só ganho dor de cabeça. Nem os lenços de papel me valem.
Beijos
Berta
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