quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

PÉ CHATO

Antigamente, o pé chato livrava da tropa ou, quando muito, ia-se para os serviços auxiliares. Agora não sei! Ainda há isso, da tropa?

Naquela altura, quem se queria safar tinha que se queixar no momento da inspecção militar. Era assim o procedimento (termo 100% militarista): o mancebo (outro termo que só se usa na tropa!) queixava-se e, com os pés descalços (e o resto do corpo também), pisava uma almofada com tinta e deixava a impressão da sola podal numa folha branca. E era a impressão podal que dava o diagnóstico. Se a arcada plantar não borrava o papel com a tinta, lá levava o carimbo vermelho: APURADO PARA TODO O SERVIÇO.

É que o pé tem uma arcada, a arcada plantar,  que facilita o andar e não provoca dor durante as longas caminhadas que os soldados costumam fazer. Acho que isto do pé chato só deve servir de desculpa, mesmo, para o exército. Os marinheiros têm pouco que andar, em princípio navegam e se têm que caminhar é um caminhar ondulante e limitado ao espaço do convés das fragatas ou ao corredor dos submarinos (aqueles novos que estão sempre avariados) e os aviadores "aviam-se" de avião e não precisam de marchar para nada (ainda se fosse terem que bater as asas...).

(Praia da Vitória - 2004)
Estes pés da fotografia de certeza que fizeram muita tropa e caminhadas, pelos vistos sem sapatos... é que de chatos não têm nada. Já quanto à sujeira...

4 comentários:

Anónimo disse...

São os pés do conhecimento. A minha mãe conta que antigamente nas nossas aldeias as mulheres e crianças caminhavam descalças por não poderem comprar sapatos.

AC

Anónimo disse...

Volto aqui para dizer que tem apresentado aqui, para\além dos textos, uma bonita colecção de fotos.
AC

Anónimo disse...

Se esses pés, em vez de arco, tivessem boca, muito teriam que contar...

Anónimo disse...

Vamos lutar para ,no futuro, não haver pés assim. Não gosto dum mundo onde há miséria.Há um mínimo de dignidade que é obrigatória.